sexta-feira, 29 de março de 2013

Frase do Dia



“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einstein

As crianças têm que ser protegidas da cafajestice do CQC


Por Paulo Nogueira 


A gangue pseudocômica faz um garoto mentir, enganar e torturar psicologicamente José Genoíno.


Professor de cafajestice

Alguns meses atrás, a gangue do CQC já descera à lama ao abordar José Genoíno de maneira cafajeste logo depois do trauma de uma absurda decisão da justiça que decretou prisão para ele.

Agora, a gangue conseguiu descer ainda mais.

Ao longo de um interminável, odioso filme de sete minutos os pseudo-humoristas submeteram Genoíno sessão de violência que degrada não quem a sofreu, mas quem a fez – os mentecaptos sorridentes liderados por Marcelo Tas.

O que eles fizeram não é nem comédia e nem jornalismo: é simplesmente um caso de polícia.

Um repórter-palhaço ficou trollando desvairadamente Genoíno, em Brasília, em busca de uma “entrevista”, aspas.

Louvo aqui o autocontrole de Genoíno, porque pouca gente é capaz de suportar uma provocação tão baixa pelo que pareceu uma eternidade.

Depois, a gangue colocou um garoto pré-adolescente num papel que em algum momento haverá de envergonhá-lo, se ele tiver decência básica.

O menino enganou Genoíno. Se fez passar por admirador para entrar na sala de Genoíno e extrair algumas palavras.

Depois, em seguimento às mentiras que o fizeram contar, o garoto disse a Genoíno que seu tio estava fora da sala, esperando para cumprimentá-lo.

O tio era um dos integrantes da gangue.

Genoíno saiu da sala e deu de cara com o tio de mentira. E isso foi comemorado como um triunfo pela gangue.

Se há algum comitê de proteção à infância que funcione no Brasil, ele tem que cobrar satisfações de quem fez o garoto se submeter a uma infâmia dessa natureza. Dificilmente ele terá outra aula tão completa de canalhice.

Em poucos minutos, o menino foi obrigado a agir como um pequeno trapaceiro desprezível. O risco é que ele cresça e se torne um adulto tão asqueroso como Marcelo Tas e os integrantes da gangue.




Dica de Fim de Semana - Depois de Lúcia


Este é um daqueles filmes perturbadores, impactantes, capazes de angustiar. Depois de Lucia mostra o poder devastador da por vezes crueldade ingênua e irresponsável da adolescência. A história gira em torno de Alejandra, menina de 15 anos, que troca de cidade depois da morte da mãe, conhece novos amigos, mas aos poucos vê sua vida virar um caos por causa da pressão e do abuso físico e emocional levado a extremos.

Como esta é uma época de redes sociais, de mensagens instantâneas, tudo se agrava. Os dramas e conflitos não ficam mais restritos ao grupo de amigos, mas ganha a internet e, a partir daí, fica incontrolável. Vale a pena ver.






quarta-feira, 20 de março de 2013

SC PODE FLEXIBILIZAR CORTE DAS ARAUCÁRIAS

 Inventário florestal realizado no estado apontou que o número de pinheiros protegidos é bem maior do que se imaginava



Os resultados obtidos pelo Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina podem alterar significativamente algumas medidas ambientais altamente restritivas no estado. Um exemplo é a relação dos moradores de áreas próximas a florestas e até própria legislação em relação à araucária, espécie com corte proibido.

A pesquisa, além de coletar material, também conversou com os moradores das regiões no entorno das florestas para saber quais as espécies de plantas nativas mais utilizadas, os usos atuais e potenciais e a importância que estas espécies têm para a população, do ponto de vista econômico, social e cultural. Foram feitas mais de 700 entrevistas ao longo de 2010.

“A gente observou que o número de araucárias, que é uma espécie com corte proibido, por exemplo, é muito maior do que se imaginava”, disse Daniel Piotto, gerente executivo de Informações Florestais do Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Apesar disto, a restrição é mantida. O resultado, segundo relatos de moradores locais, é que, muitas vezes, proprietários de terra eliminam as araucárias ainda pequenas que brotam no meio de pastos para evitar problemas com a lei posteriormente, quando se tornarem árvores.

“A ideia da lei é proteger, mas você está restringindo cada vez mais desta forma”, avaliou Piotto, explicando que o volume de novas árvores da espécie não tem aumentado como ocorreria se as restrições fossem flexibilizadas. O gerente do SFB disse que a conclusão acendeu um debate no estado. Autoridades ambientais e de outras áreas estão reavaliando as medidas em relação à araucária para avaliar se realmente é possível e necessário flexibilizar as regras.

Um pouco acima do mapa brasileiro, no Distrito Federal um levantamento semelhante foi realizado nas florestas do cerrado, com apoio de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB). “No DF, fizemos mais um teste metodológico. O inventario nacional tem grade de 20 por 20 quilômetros [distância entre os pontos onde as equipes definem para coleta e análise]. No Distrito Federal temos grades mais densas de 5 ou 10 quilômetros de distância porque a área é menor e muito urbanizada”, explicou Piotto.

Os dados oficiais do cerrado ainda não foram consolidados, mas, segundo o gerente do SFB não foram constatadas tantas novidades como em Santa Catarina. “Com muita interferência do homem, a vegetação em volta das cidades sofre com incêndios florestais quase todo ano. Do ponto de vista de volume de madeira temos pouco material, mas temos uma quantidade significativa de espécies. É totalmente diferente de Santa Catarina”.

O levantamento no Distrito Federal foi realizado em três meses, por três equipes formadas por 15 pessoas cada. Ainda sem a consolidação dos dados oficiais, Piotto adianta que o cerrado deve trazer importantes detalhes sobre o uso de produtos não madeireiros.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Frase do Dia




“(…) Não nascemos covardes ou preguiçosos; escolhemos ser essas coisas. O homem é responsável pelo que é. Somos sozinhos, sem desculpas. É isso o que quero dizer quando digo que o homem está condenado à liberdade (…)”


(Jean-Paul Sartre, o homem do existencialismo, citado no excelente livro Tête-à-Tête, de Hazel Rowley, que fala da vida do escritor e filósofo ao lado de Simone de Beauvoir)

terça-feira, 5 de março de 2013

Morre o Amigo do Brasil




Por Guilherme Moura

Por muitas vezes, Hugo Chavez foi intitulado como sucessor de Fidel Castro. A mídia o adjetivou assim como sendo uma ofensa, tentando menosprezá-lo.

O mundo ouviu falar do tenente-coronel Chávez pela primeira vez em 4 de fevereiro de 1992, quando liderou um golpe fracassado contra o governo de Carlos Andrés Pérez. Para os jornalistas de fora, soou como uma quartelada latino-americana como qualquer outra, mas tanto o líder como as condições de seu país eram muito peculiares.

Chavez tentou assumir o poder para combater a corrupção dentro do exército venezuelano e também conter a corrupção em seu país, que dito por muitos, é um dos países mais corruptos da América Latina.

Em 2000 foi vítima de um sequestro relâmpago, ficou dois dias trancado em uma casa no interior de Caracas. O empresário petroquímico Pedro Carmona, presidente da federação das indústrias, agiu como ditador com apoio da mídia, de Washington e do FMI, revogou a Constituição, anunciou a ruptura com Cuba e a Opep e anunciou a privatização do petróleo.

Pedro Carmona quase foi linchado em praça pública pela população. O erro da velha elite fortaleceu Chavez, que desde 2000, tornou-se um dos maiores líderes da América Latina.

Seu principal legado foi o combate a pobreza e distribuição de renda. Reforçou acordos comerciais com Cuba, Bolívia, Peru e Brasil. Chavez queria uma Venezuela voltada integralmente para a América Latina e de costas aos Estados Unidos.

Estava conseguindo fazer boa parte de seu objetivo, ano passado a Venezuela teve um crescimento de 6% do PIB em 2012.  O que mais incomoda a velha elite é o alto índice de popularidade de Chavez e assim como na Argentina há o Peronismo sem Perón, haverá “Chavismo” sem Chavez.

A presidente Dilma Rousseff se manifestou: “Em muitas ocasiões o governo brasileiro não concordou integralmente com o presidente Chávez, mas hoje nós, como sempre, reconhecemos nele uma grande liderança, uma perda irreparável e, sobretudo, um amigo do Brasil”, disse. “Deixará no coração, na história e nas lutas da América Latina um vazio. Lamento, como presidente da República, e como uma pessoa que tinha por ele um grande carinho”.

O que tenho a dizer...o Brasil perdeu um amigo e a Venezuela um líder!!!

segunda-feira, 4 de março de 2013

A história da professora que se correspondia com Drummond


Helena Maria Balbinot Vicari, de 72 anos, guarda 60 cartas que trocou com o autor mineiro



A professora, moradora de Guaporé, trocou cartas com o escritor durante 25 anos


Carlos Drummond de Andrade era um missivista intenso, mesmo para uma época em que escrever cartas era comum. Sua correspondência com Mário de Andrade foi editada em mais de 600 páginas. A com Cyro dos Anjos, em mais de 300.

Em Guaporé, a 235 quilômetros de Porto Alegre, uma professora guarda 60 cartas – para ela, tão valiosas quanto.

Helena Maria Balbinot Vicari, 72 anos, começou a se corresponder com Drummond de Andrade quando tinha 21 anos, em 1961 (o poeta estava chegando aos 60). Ela era aluna da escola normal em Guaporé e queria manifestar solidariedade diante de uma pedra recorrente no caminho do autor mineiro: a má vontade da crítica.

– Uma professora comparou em um livro um poema da Cecília Meirelles e um do Drummond, para dizer que ela sim fazia poesia, e que ele provavelmente sumiria das vitrines das livrarias em alguns anos. Fiquei indignada e escrevi para ele que o achava o melhor, ainda que meus professores não concordassem – conta ela.

Correspondente atencioso, Drummond respondeu, em mensagem datada de 16 de junho de 1961. Agradecia as palavras gentis e enviava, atendendo ao pedido da leitora, um cartão de visitas autografado. De tempos em tempos, Helena retomava o contato e sempre recebia resposta – as cartas seguintes já falavam de uma maior aceitação de Drummond na escola (a professora havia mudado). "Para um autor de minha geração, é interessante verificar como rapazes e môças aceitam a poesia chamada modernista, que foi tão combatida e mesmo ridicularizada pelos professores de ginásio, por aí além", comemorava o poeta em novembro de 1962, ao saber que Helena e os colegas haviam realizado uma dramatização do drummondiano Noite na Repartição.

O contato foi sempre por escrito. Helena jamais conheceu o poeta, e só falou com ele por telefone uma única vez. A amizade epistolar durou até 1986 – um ano antes da morte dele. Helena mantinha Drummond informado de sua vida, seus progressos na escola normal, seu noivado e posterior casamento com Jurandir Vicari, o nascimento dos filhos, poemas que escrevera. Drummond sempre respondia, enviava versos, conselhos de alguém mais experiente (Drummond era quatro décadas mais velho).

Mais do que um testemunho da amizade de Helena com Drummond, as cartas que ela mantém bem guardadas nas folhas de plástico de um classificador preto são indício de uma relação ainda mais duradoura.

A convivência de Helena com a poesia.


Correspondência vai virar filme

É a própria Helena quem reforça essa impressão ao contar a história. Para falar das cartas a Drummond, recua até o momento em que descobriu o endereço do poeta, em um almanaque antigo. Aí se lembra de que precisa falar de como descobriu a poesia do autor, na adolescência, por meio da jornalista e poeta Lara de Lemos, que mantinha uma coluna de crônicas e poesia no Correio do Povo, e a quem Helena também escreveu.

– Ela me respondeu, e até me convidou para ir visitá-la em Torres, na praia. Bem que eu quis, mas meu pai disse: "ir pra casa de uma mulher que a gente nem conhece direito? Não vai". E eu não fui – relembra.

Certa ocasião, em 1960, quando precisou ir a Porto Alegre para fazer exames médicos, Helena aproveitou para visitar a escritora com quem se correspondia. Foi Lara quem apresentou a jovem estudante ao trabalho de Drummond, lendo o poema Consolo na Praia (aquele do "o primeiro amor passou / o segundo amor passou..."). Por sugestão de Lara, Helena comprou o mesmo livro, na Livraria do Globo – Poemas, coletânea lançada em 1959 pela José Olympio, que ela guarda até hoje.

Helena escreveu por desagravo ao que considerava a avaliação injusta de uma professora à obra de Drummond. Em outra ocasião, confrontou outra mestra que havia apresentado em uma aula, o poeta como teatrólogo.

– Eu pulei e disse: o Drummond não é teatrólogo, é poeta. Ela só me respondia: mas é o que está aqui no papel que eu tenho. Escrevi para ele e ele comentou que havia apenas autorizado adaptações de sua obra, mas não era homem de teatro. Quando mostrei a resposta, a professora ficou branca de susto – narra.

Helena é cuidadosa com suas lembranças. Além de manter intacta a maior parte da correspondência com Drummond – por ingenuidade, ela mesmo admite, recortou para dar a uma professora a assinatura do poeta na segunda carta que ele enviou. Também mantém guardada uma carta que recebeu de Cecília Meirelles, também em resposta a uma correspondência enviada pela leitora.

Outro autor que durante anos recebeu palavras atenciosas da missivista foi Moacyr Scliar. Muitas vezes, Scliar registrava o recebimento das cartas em notas curtas na coluna que mantinha em Zero Hora – Helena ainda guarda os recortes. Até hoje, anota os livros que leu, peças e filmes a que assistiu. Geralmente, nos mesmos cadernos e agendas em que escreve os versos que ainda compõe, embora nunca tenha publicado.

Professora na ativa até 2010 – aposentou-se mais pela exigência legal e menos por intenção plena –, Helena já foi tema de outras reportagens como esta. Uma delas foi publicada neste mesmo Segundo Caderno de ZH, em 2002. Outro texto, do jornalista Emiliano Urbim, para a revista Piauí, em 2008, foi o responsável indireto por Helena agora estar prestes a ser tema de um filme. A diretora Mirela Kruel, autora do curtaPalavra Roubada, leu a revista em uma viagem aérea voltando de Brasília. Chegou em Porto Alegre decidida a encontrar a correspondente do poeta em Guaporé. As conversas iniciais falavam em um curta de 15 minutos. Hoje, Mirela finaliza a preparação para começar as filmagens, possivelmente em abril. Financiado pelo Fumproarte, o filme vai equilibrar a voz de Helena contando a história e reencenações estreladas pelos Janaína Kraemer e Rodrigo Fiatt.

– Quero fazer um filme sobre a poesia, a própria criação poética – diz Mirela.

– Há três anos ela divide comigo esse sonho. Na primeira vez em que falou nisso, nem dormi à noite de nervosa. Mas confio nela – assevera Helena.

Depois de anos convivendo com a arte, ela está pronta para ser, ela própria, arte.

Fonte: Zero Hora