domingo, 30 de dezembro de 2012

Cianeto com Champanhe ou Martini com Gelo



Por Guilherme Moura


            Sempre que terminamos um ano, seja ele bom ou ruim, devemos fazer uma avaliação pessoal. Identificar os pontos fracos, onde falhamos, onde obtemos sucesso, o que deve ser mantido, o que devemos modificar.
            Geralmente fazemos planos para o próximo. Queremos perder peso, economizar, estudar mais, ler mais, trabalhar mais, buscar um emprego melhor, e por aí vai.
            Buscamos modificar nossa rotina visando nossos sonhos, que muitas vezes deixamos de atingi-los. Queremos obter aquilo que não temos menosprezando tudo o que conquistamos. Parece um paradoxo, mas sempre buscamos algo que não temos. Mas o que quero dizer é para refletirmos sobre o que já conquistamos. Nunca alcançaremos nossos sonhos sem mudarmos nossas metas.
            Veja bem, se quero perder peso, não adianta fazer promessa para todos os santos se não mudar o hábito alimentar. Porém, a força de vontade é nosso mestre, se desejo algo, o objetivo é buscá-lo, que nesse caso é a perda de peso. Mas como mudar, como alcançar o objetivo?
            Bem, nada melhor que um ano novo, que é muito melhor que a segunda-feira. Por isso peço a leitora para que reflita sobre o ano que passou. Encontrar as dificuldades e contorná-las mostra o quão inteligente somos. Nunca desista sem esgotar todas as possibilidades.
            Se sua meta é perder peso, procure por todas as alternativas vigentes no momento. Não se abata quando ouvir um “não”. Não tenha medo da derrota! Erga a cabeça, pois como escreveu meu glorioso amigo, Humberto Gesinger, “não vim até aqui para desistir agora”.
            Portanto, avalie o ano que passou, reflita-o, busque alternativas se necessário. Divida as dificuldades e as alegrias, tente aproveitar mais e melhor as pessoas, o tempo, seja menos intolerante. Respeite as opiniões alheias, aceite conselhos, mas de quem realmente se importa contigo.
            Que venha 2013, que seja muito melhor que 2012. Leve consigo o seguinte lema do capitão Nascimento: “Missão dada, é missão comprida parceiro!”. E quando chegar o final no ano poderemos escolher, se beberemos cianeto com Champanhe ou Martini com gelo.
            

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

QUEM VAI EXPLICAR ISSO??? COM A PALAVRA O PIOR GOVERNADOR CATARINENSE... E SUA MEGA HIPER EQUIPE DE AMADORES...


A AMPLIAÇÃO DO HOSPITAL DE CHAPECÓ.... MAIS 156 LEITOS CUSTARÁ R$ 31 MILHÕES... A DE LAGES COM 140 NOVOS LEITOS CUSTARÁ R$ 59 MILHÕES..... ONDE IRÃO PARAR OS R$ 28 MILHÕES???




Ao lado imagens virtuais das ampliações do Hospital de Chapecó...

Quase sem querer encontrei no site da RBS a noticia de que em Blumenau... tao qual em Lages... será ampliado o Hospital Regional do Oeste (HRO)com o investimento de R$ 31 milhões, o número de leitos, que hoje é de 319, aumentará em quase 50% de sua capacidade, passando para 475 leitos...

Atualmente, são 319 leitos para atender uma demanda crescente, o que, na avaliação do presidente Severino Teixeira da Silva Filho, está com a capacidade de atendimento esgotada. Por isso, o projeto prevê a ampliação para 475 leitos, além da construção de mais 26 leitos para a unidade de terapia intensiva (nove para UTI geral, dez UTI pediátrica e sete para UTI coronária) e mais 12 salas cirúrgicas.

Dos novos leitos, 37 leitos receberão pacientes para tratamento intensivo, 56 para oncologia de longa duração, 36 para quimioterapia de curta duração e 27 para recuperação pós-cirúrgica, totalizando 156 unidades.

Já na ampliação do Hospital Tereza Ramos serão oito pavimentos, divididos em 12,9 mil metros quadrados, ao lado da estrutura que já existe, em um terreno doado pelo município. As duas alas serão interligadas por passarelas construídas alguns metros acima da rua que os separa. O novo prédio terá setor de urgência e emergência, Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com 30 leitos, centro de diagnóstico por imagem, centro cirúrgico com 10 salas e 18 leitos de recuperação, 92 leitos de internação, que se somarão aos 204 atuais, e heliporto.

Vejam que há muita semelhança nessas ampliações... contudo lá em Chapecó serão gastos R$ 28 milhões a menos...

Dizem que lá a construção será através de parceria público-privada... já aqui.... tudo ficará a mercê da competência e da honestidade do Estado... talvez por isso esses R$ 28 milhões sejam necessários...

CONTROLE SOCIAL NELLES.... ATENÇÃO TCE... MP... OAB... CNBBB.. ALGUÉM POR FAVOR VERIFIQUE ISSO....

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Frase do Dia

"Todas as mulheres sabem que os ciumentos são os primeiros a perdoar."


F. Dostoiévisk

Dica de Livros para as Férias - Os Donos Do Poder : Formação do Patronato Político Brasileiro

Os Donos Do Poder : Formação do Patronato Político



Ensaio fundamental, acadêmico, para a compreensão da formação social e política brasileira. Partindo das origens portuguesas de nosso patronato político, o autor demonstra como o Brasil foi governado, desde a colônia, por uma comunidade burocrática que acabou por frustrar o desenvolvimento de uma nação independente. Sua análise abarca o longo período que vai da Revolução Portuguesa do século XIV até a Revolução de 1930 no Brasil. Esta edição foi revista e acrescida de um índice remissivo. 

'A filosofia política que se coloca como substrato da obra de Faoro é prenhe de um liberalismo que não se limita ao âmbito formal e muito menos ao chamado ¿liberalismo¿ econômico, que empobrece o liberalismo, fazendo-o coincidir com a mera liberdade de mercado. Liberalismo, em seu sentido profundo, no sentido que Faoro expressa, é muito mais que isso - é um comprometimento ético-filosófico com a idéia de liberdade, ou seja, de dignidade e de capacidade intrínseca de todo ser humano. A política deveria estar a serviço dessa idéia, desse comprometimento - eis a grande mensagem da interpretação de Faoro sobre o Brasil.' 

Rubens Goyatá Campante, Estado de Minas, 14 jul. 2007, Caderno Pensar

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Prosa de verão: A diversão está em outro lugar

Por David Coimbra

O grande problema da praia é que a praia é um lugar em que você vai apenas para se divertir. Ou, no mínimo, para relaxar. Algumas pessoas ficam lá só sentadas naquelas cadeirinhas, olhando o mar detrás de óculos escuros. Ficam horas e horas olhando o mar que vai e vem e as pessoas que passam seminuas. Às vezes é legal ver pessoas seminuas. Às vezes, não. Já vi o Pedro Ernesto na praia.

A questão é que você é OBRIGADO a se divertir ou a relaxar, se estiver na praia. Caso não esteja completamente relaxado ou em fremente divertimento, você é que é o problema. Então, se você está diante do Pedro Ernesto de sunga ou se acaba aborrecido olhando o mar ir e vir, você não consegue relaxar. O que você terá de fazer? Divertir-se.

Aí é que está. Divertir-se é muito mais complexo do que relaxar. Veja aquelas propagandas de cerveja. As pessoas sempre estão na praia, bebendo e se divertindo. Todos gargalham gostosamente, mulheres longilíneas correm de biquíni branco, há um clima de erotismo saudável no ar marinho. E é exatamente por isso que a gente vai à praia. Para viver essas delícias da existência. Mas, se você não está naquela turma em que há cardumes de mulheres que saltitam pela areia como cabritos monteses de biquíni de lacinho, se você não está lá, então você está no lugar errado. Você não está se divertindo de verdade. Eles é que estão! Eles, daquela turma dos comerciais de cerveja. Tudo vai acontecer naquela turma, enquanto você, o que você tem de fazer, na praia, é carregar a cadeirinha da sua mulher. Nesse momento crucial da sua vida, você percebe que a diversão está sempre em outro lugar. Você está aqui e as coisas realmente emocionantes estão acontecendo em outra parte.

Por isso a praia é estressante. Se você não está se divertindo MUITO, você não passa de um fracassado. Você assiste à TV quando está na praia? Você é um fracassado. Sua mãe está na areia junto com você, sentada de maiô ali debaixo do guarda-sol? Você é um fracassado. Sua mulher está acima do peso e não para de reclamar que você olhou para aquela morena cheia de dentes brancos? Fracassado.

Agora, o teste definitivo do fracasso praiano é a festa da sua rua. Há festa na sua rua e você não está nela. Terrível, mas acontece. No entanto, se você, em vez de tentar entrar na festa, reclamou do barulho e, o mais grave, chamou a polícia, bem, rapaz, você, evidentemente, é um fracassado. Volte para as aflições da cidade grande, que é o seu lugar. A praia é para se divertir, e diversão não é para qualquer um.

Não é, definitivamente, para você.

Publicado na Zero Hora desta terça-feira.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A SINDROME DA VACA LOUCA.... AS INFORMAÇÕES ASSIMÉTRICAS... E OS PREJUIZOS QUE A MÍDIA CANALHA CAUSA A ECONOMIA...




Esta semana três paises... grandes consumidores de carne bovina brasileira... suspenderam a importação graças a uma noticia que a mídia canalha... irresponsável e criminosamente... certa da impunidade.. espalhou aos quatro cantos, causando reações imediatas que prejudicaram enormemente toda a cadeia de produção da carne bovina do País... o produto campeão das exportações brasileiras (O Brasil é.. ainda... até que a mídia canalha, acabe com isso... o maior exportador de carne bovina do mundo)...

Em 2010.. lá em Sertanópolis... interior do Paraná... uma das mais de 210 milhões de cabeça de gado existentes... morreu e apresentou sinais característicos da tal doenca da vaca louca... (encefalopatia espogiforme)...

A encefalopatia espongiforme bovina é provocada pelo príon, uma proteína presente na maior parte dos mamíferos inclusive no homem. Quando o príon fica doente ele mata os neurônios. O lugar fica com forma de uma esponja. Por isso o nome da doença é espongiforme....

Mas... voltando ao caso... este único caso aconteceu em 2010... são duas as formas de vaca louca encontradas no mundo: a clássica, onde há ingestão de ração, feita com resto de animais contaminados por um príon doente. É o caso que aconteceu na Grã-Bretanha e em outros países do mundo e que matou 190 mil animais. A forma atípica da doença, onde um príon saudável sofre mutação e provoca a degeneração do cérebro....

O sintomas claros da doença. “Neurológicos, tremor muscular, cambaleante, andar torto....

Como essa vaca não apresentou nenhum sinal químico neurológico... pode-se afirmar que a doença ocorreu em razão de uma mutação genética... assim também como pode se afirmar que outros casos poderão ocorrer a qualquer momento.. ou até já ocorreram.. sem que haja uma epidemia...a não ser uma epidema de canalhices da mídia... sempre com a finalidade de atrapalhar e desconstruir o Brasil.. este Brasil dos últimos 10 anos...

Dois anos depois.... sem que nenhum outro caso se apresentasse... e sem trazer essas explicações a público... a mídia canalha, irresponsável... fez um estardalhaço...

Como fez criminosamente em 2009 na tal epidema de miningite que matou mais crinaças por terem tomado vacinas desnecessárias... do que a doença historicamente mata...

Como fez no mesmo ano... quando um imbecil qualquer lançou no ar a gripe suina.. sem explicar nada sobre o que tinha a ver a gripe com os suinos... causando prejuizos incalculáveis para os produtores e para a economia brasileira...

Ninguém foi punido... e que interesses há e havia por trás dessas irresponsabilidades??? Quem vai ressarcir todas essas perdas??? 

Para a economia...essas grandes mentiras que jamais serão punidas... são consideradas como "Informações assiméticas"... e o seu fenomeno mais conhecido como herd behavior... ou comportamento de manada... bem típico das sociedades alienadas e manipuladas pela mídia...

Aqui em Lages.. temos um exemplo bem recente deste fenomeno: A politicalha lageana para ganhar votos.. anunciou que uma tal ZF viria para cá e se instalaria numa área rural localizada em Indios... imediatamente... o preço das terras daquela região sofreram um "reajuste espetacular"... e por tabela.. todas as outras áreas próximas também foram 'valorizadas"... e depois as outras áreas anexas a essas.. e assim por diante...

Beneficiaram uns poucos.. e prejudicaram toda a região... pois o mercado não é cego como é o interesse político...

Uma grande mentira eleitoreira provocou um fenomeno econômico que se reflete agora na compra do terreno para a ainda fantasma SINOTRUC...

A mídia canalha tem um poder de destruição e de intereferência incalculável... e tem muita munição para gastar.. o imaginário popular enorme... frágil... e totalmente manipulável...

Os canhões midiáticos atiram contra Lula



Noticiar não é informar. A narração da atualidade, especialmente aquela divulgada em tempo real, busca impactar o telespectador, mesmo que o preço a pagar seja mutilar os fatos e escamotear dados indispensáveis para que o público saiba o que está ocorrendo. O que o distingue o espetáculo midiático, no caso brasileiro, é a deformação seletiva sobre praticamente tudo o que diz respeito a Lula. Nos últimos dias ficou demonstrado que as aberrações publicadas no Brasil agravam-se mais uma vez quando chegam ao noticiário internacional. O artigo é de Dario Pignotti.

Últimas notícias, extra, extra! “Lula viaja para a Europa, fugindo das denúncias de corrupção que o têm preocupado”; “Revelações do empresário Marcos Valério confirmam a vinculação de Lula com o mensalão”; “Golpeado pelas denúncias, o ex-presidente ameaça voltar a ser candidato”; “Lula ataca a imprensa”.

As manchetes acima são dos canais de televisão, sites da internet e alguns jornais brasileiros, nos últimos quinze dias.

Como se sabe, noticiar não é informar: a narração dos dias que correm, especialmente aquela divulgada em tempo real, busca, por definição, impactar o telespectador, mesmo que o preço a pagar seja mutilar os fatos e escamotear dados indispensáveis para que o público saiba o que está ocorrendo.

Contar de maneira anômala os acontecimentos é característico do espetáculo midiático global, nem sempre responde a motivações ideológicas. O que o distingue, no caso brasileiro, é a deformação seletiva sobre praticamente tudo o que diz respeito a Lula. O ex governante e líder do Partido dos Trabalhadores (PT) é um personagem crucial no panorama político do país e o dirigente brasileiro de maior estatura mundial – sua influência externa só se equipara à de Dilma Rousseff – e aquilo que se conta/inventa sobre ele, aqui em Brasília, às vezes sofre uma segunda distorção, ao chegar aos jornais de Washington, Buenos Aires ou Madri.

Tomemos alguns exemplos: “Revelações do empresário Marcos Valério confirmam a vinculação de Lula com o Mensalão”, foi uma das notícias na imprensa brasileira na semana que passou. Não é adequado chamar Marcos Valério de “empresário”; ele é na verdade um lobista que operou com o Partido dos Trabalhadores e que acaba de receber uma condenação no valor de 40 anos de prisão, por sua participação no mensalão, aquele escândalo de desvio de dinheiro público e outras irregularidades, ocorrido durante os primeiros anos da gestão de Lula (2003-2010).

Além disso, em que pese a imprensa local não ter dado por certo, as declarações de Valério ao Ministério Público estão longe de ser críveis, sendo a versão apresentada por um “corrupto” condenado na justiça, que busca atenuar sua pena por meio da “delação premiada”.

Também é inexato mencionar “revelações” aquilo que Valério disse, porque até o momento não se tem conhecimento de nenhum documento que apoie a sua versão, sem esquecer que nos corredores do Congresso, Valério se tornou conhecido como um personagem habituado a lançar bravatas vazias.

Nos últimos dias ficou demonstrado que as aberrações publicadas no Brasil agravam-se mais uma vez quando chegam ao noticiário internacional. Alguns veículos, além de terem dado por verdadeiro o que Valério afirmou, chegaram a citá-lo como o “sócio” de Lula, algo majestosamente falso.

Outro exemplo do oceano que separa os fatos de sua versão televisiva foi a notícia de que o ex mandatário viajou repentinamente para a Europa “escapando das denúncias de corrupção que o têm preocupado”. 

Segundo informações obtidas por este correspondente em novembro, a viagem para a França e a Espanha não se montou com o objetivo de salvar a pele de Lula, já que tinha sido planejada com antecipação o suficiente para incluir um evento em Paris, realizado na quinta-feira passada, onde estiveram Dilma Rousseff e seu colega francês François Hollande. E até o cidadão menos informado sabe que a agenda dos chefes de estado não é um “arranjo” de última hora.

Numa bem documentada reportagem publicada pela revista Carta Capital, uma das poucas que denuncia os atropelos da Rede Globo, reportou-se que grandes veículos e grupos empresariais financiam uma fundação destinada a recompor o ideário conservador, a ensinar que só há democracia quando impera o livre mercado, enquanto estimula o ressentimento anti-PT e anti-Lula, como expoentes do populismo, do estatismo e da corrupção.

Mesas redondas e seminários organizados por essa entidade sustentada por empresas jornalísticas têm como tema recorrente o atual processo que se encerra no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a antiga cúpula do PT, do Mensalão, o suposto pagamento de subornos e desvio de dinheiro público que comoveu o país em 2005 e pôs em risco a gestão de Lula. 

Essas vozes predominantes da imprensa elogiam a intransigência do STF no julgamento dos petistas responsáveis pelo Mensalão, sem mencionar que o mesmo tribunal inocentou o folclórico ex presidente Fernando Collor de Mello, por falta de provas (ele havia renunciado ao cargo para escapar de um impeachment) e que há dois anos ratificou a Lei de Anistia herdada da ditadura, desafiando a Corte Interamericana de Direitos Humanos que reclamou a sua derrogação.

A campanha eleitoral para a presidência, em 2014, está em curso e o bloco conservador sabe que a Justiça ou, para ser mais preciso, o STF, é um aliado indispensável para dissimular o déficit político resultado da fratura do Partido da Socialdemocracia brasileira (PSDB), a maior força de centro-direita, onde ainda não surgiu nenhum dirigente capaz de herdar a liderança do octogenário Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente que encarna o antilulismo puro sangue.

Lula é um bicho político tão popular como astuto e, ao falar em Paris durante o seminário aberto por Dilma Rousseff e Hollande, insinuou que pode voltar a ser candidato a presidente dentro de dois anos. Fez a afirmação de forma meio sinuosa, mas suficientemente clara, como que para que os executivos e donos de poder entendam a mensagem. E tremam.

Ele também falou da forma assimétrica com que as empresas de informação divulgam as notícias sobre casos de corrupção. “Quando um político é denunciado, sua cara sai na imprensa pela manhã, à tarde e à noite. Mas vocês já viram algum banqueiro corrupto no jornal? Sabem porque não o viram? Porque ele paga as propagandas dos jornais”, comentou Lula.

No dia seguinte a Rede Globo reportou que Lula tinha renovado os seus “ataques” à imprensa livre.

Tradução: Katarina Peixoto

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Frase do Dia

"Quem precisa ter boa imagem é aparelho de TV"

o Baixinho Romário

Brasil 82: o time que perdeu a Copa e conquistou o mundo





Paulo Roberto Falcão lança em São Paulo, nesta quinta-feira, em um evento exclusivo para jornalistas, seu livro relembrando a amarga desclassificação para a Itália na Copa do Mundo de 1982, realizada na Espanha. Em 82: O Time que Perdeu a Copa e Conquistou o Mundo, o ex-meio-campista mostra os motivos que culminaram na queda da seleção canarinho nas quarta de final da competição, em uma das edições do torneio em que o elenco verde e amarelo era um dos favoritos a conquistar o título mundial e se sagrar tetracampeão.

Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates; Serginho e Éder era o escrete brasileiro que sucumbiu diante da Azzurra, que teve como destaque Paolo Rossi. Comandada por Telê Santana, a Seleção Brasileira encantava o mundo inteiro com a forma de jogar e o talento apresentado em suas partidas.

O livro conta com depoimentos de jogadores que estiveram presentes no Estádio Sarriá, em Barcelona, naquela ocasião, em uma tentativa de demonstrar os fatores que levaram a equipe à derrota. Também estão presentes na obra 20 crônicas escritas pelo próprio Falcão, na Espanha, na época da Copa, contando os bastidores e todo o sentimento que girava em torno de uma disputa como aquela.

Derrotas que são lembradas mais do que algumas vitórias. Isso é o que pode definir a derrota de 82 e é o que o narrador Galvão Bueno expressa em uma frase também presente no livro. “Não aceito e jamais aceitarei que a tragédia do Sarriá possa ter transformado essa fantástica Seleção em um grupo de perdedores. Perderam um título, mas ganharam um lugar na história.”

O prefácio da obra conta com o depoimento do protagonista da festa italiana e da decepção brasileira. Responsável pelos três gols que determinaram a derrota verde e amarela, Paolo Rossi comenta a importância daquela partida. “Naquele dia, eu me sentia forte como um leão e leve como uma gazela; três gols, prova soberba. O primeiro gol foi o mais importante de toda a minha carreira. Eu o recordo como o mais retumbante de minha vida. Finalmente, havia vencido um bloqueio; experimentei uma sensação libertadora; estavam se abrindo as portas do paraíso”, afirmou o carrasco do Brasil.

Na ocasião em que as duas equipes se encontraram, o Brasil era a única seleção que tinha 100% de aproveitamento na competição, diferentemente da Itália, que só havia vencido uma partida das quatro disputadas. A segunda fase era composta de quatro grupos com três times cada. No mesmo grupo, a Seleção Brasileira e a Italiana venceram a Argentina, por 3 a 1 e 2 a 1, respectivamente. Pelo saldo de gols, um simples empate garantiria o Brasil na semi, mas a equipe não contava com um dia mágico de Paolo Rossi.

Para aqueles, assim como eu, que não poderão ir ao Museu do Esporte, antecipo aqui o compacto. Preste atenção no belo texto, na forma como ele conduz o espectador e, especialmente, na conclusão – o 15 da camiseta e o abraço em Sócrates.

Aí está:





domingo, 9 de dezembro de 2012

Trama policial na telona e nas páginas



Uma das estreias dos cinemas nesta sexta-feira é o suspense/policial A Sombra do Inimigo, de Rob Cohen, com Tyler Perry no papel principal, o detetive Alex Cross, que na trama deve encontrar o cruel assassino Michael Sullivan, que tortura suas vítimas antes de matá-las. Quem gosta de histórias policiais já conhece o personagem: o detetive é o protagonista de diversos livros do escritor norte-americano James Patterson.

Para quem ainda não conhecia Alex Cross e gostar do filme, fica então a dica — acompanhar novas histórias suas nas páginas de obras como Eu, Alex Cross; Ameaça Mortal e O Dia da Caça. Essas e outras obras de Patterson saíram no Brasil pela Arqueiro, e têm preço médio de R$ 24,90.

Ah: existem também dois outros filmes protagonizados pelo detetive, Beijos que Matam(1997) e Na Teia da Aranha (2001), em que o papel de Cross coube ao ator Morgan Freeman.




A Guerra Contra a Democracia




sábado, 8 de dezembro de 2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A deslumbrante beleza interior do Planeta Niemeyer


Para além das curvas femininas de suas obras, o gênio brasileiro vivia num mundo especial


"Função sem beleza é uma merda"


E Niemeyer cumpriu enfim, quase aos 105 anos, o destino para o qual estamos condenados desde que nascemos: a morte.

“A vida é um sopro”, disse ele certa vez. Acabou sendo este o nome de um documentário sobre ele. Colocarei no pé deste texto, e recomendo fortemente que seja visto.

Sobre seu tamanho como arquiteto, não há o que discutir. Sua influência na arquitetura moderna é reconhecida em todo o mundo. Na noite de ontem, a cobertura de sua morte era o principal destaque do site do Guardian.

Niemeyer inovou, em escala planetária, com suas curvas inspiradas nas mulheres brasileiras. Isso já estava presente em seu primeiro grande trabalho, o bairro da Pampulha, em Belo Horizonte, uma encomenda do então governador de Minas Juscelino Kubitschek, em 1940, quando Niemeyer tinha 33 anos.

Foi por encomenda do próprio JK, anos depois, que Niemeyer faria um trabalho de repercussão épica, o projeto da nova capital, Brasília. Lá estava sua marca única e pessoal, as curvas que causaram deslumbre e, em menor medida, controvérsia em torno da questão de qual era a prioridade de Niemeyer — a beleza simplesmente decorativa ou a beleza funcional.

Ele próprio participava do debate. Citava as pirâmides, “sem sentido”, mas esplêndidas. “O que fica na arquitetura é a beleza. A função sem beleza é uma merda.”

Muito antes da globalização Niemeyer se internacionalizaria graças a seu talento extraordinário. Entre as obras que fez no exterior, estão o prédio da ONU em Nova York, a sede do jornal Humanitèe em Paris e a galeria de arte Serpentine em Londres.

Mas o que mais me fascina é o ser humano atrás do arquiteto revolucionário.

Até o final da vida, ele manteve em seu escritório de trabalho, ao alcance das mãos encarquilhadas, um pequeno cartaz vermelho no qual estava escrito: “Fodido não tem vez”.

A consciência dessa verdade doída fez de Niemeyer um pessimista e um comunista. Ele repetia uma indagação de Sartre sobre se o mundo não teria ficado melhor sem a ocupação humana. Contava que uma vez sonhara que seu Rio de Janeiro ficara em seu estado natural, sem a predação humana, e aí dera razão a Sartre.

A beleza na obra de Niemeyer tinha um endereço: os “fodidos”, para usar sua própria palavra. “Eles não vão desfrutar nada na arquitetura, mas ao passarem por um lugar podem ter um instante de admiração e encanto”, afirmava.

Niemeyer aderiu ao Partido Comunista em 1945. Dera abrigo em seu estúdio no Rio ao líder comunista Luiz Carlos Prestes, perseguido pela polícia, e acabara se encantando com suas ideias.


O Museu da Arte Contemporânea de Niterói, uma das obras primas de Niemeyer


Edifício COPAN - SP

Permaneceu comunista até o fim da vida, o que levou Fidel Castro a dizer que os dois eram os últimos comunistas vivos. A ditadura militar nascida em 1964 tornou o Brasil irrespirável para Niemeyer: seu escritório foi saqueado, a revista que dirigia foi fechada e as encomendas sumiram. Ele acabaria se exilando, e só retornaria nos anos 1980, com a abertura política do final da ditadura.

Mas no Planeta Niemeyer o comunismo era uma espécie de boteco carioca. Não havia monopólio de ideias e opiniões, e conviviam pessoas das mais diversas ideologias. “Tenho muitos amigos reacionários, e eles passaram a vida achando que eu estava errado, e eu achando que eles estavam errados.”

No Planeta Niemeyer, os diferentes conviviam fraternalmente, tolerantes, respeitosos, formando uma irmandade caótica mas integrada. Não era um planeta exatamente funcional — mas quem poderá negar sua fulgurante beleza humanitária e compassiva?


sábado, 1 de dezembro de 2012

Por que todo mundo acha que Senna foi o maior de todos


Dezoito anos depois de sua morte, Ayrton Senna continua a fascinar e comover as pessoas


O maior de todos

“Tenho uma confissão a fazer”, disse, emocionado, o jornalista inglês Jeremy Clarkson no final de um tributo a Ayrton Senna no programa automobilístico que ele comanda, o Top Gear. Clarkson é, provavelmente, o jornalista mais respeitado quando o assunto é carros não só na Inglaterra – mas em todo o mundo. “Nunca fui fã do Senna. Meu piloto predileto sempre foi o Gilles Villeneuve. Mas depois de ver horas e horas de vídeo para fazer este programa vi que o Villeneuve foi espetacular em algumas corridas ao passo que o Senna foi espetacular cada vez que se sentou num carro de Fórmula 1.”

Isso foi alguns meses atrás. Nesta semana, aproveitando a corrida que define o título de 2012, o GP do Brasil, o site da BBC publicou a lista dos vinte maiores pilotos da história. O número 1 era ele, Ayrton Senna da Silva — isso na terra que inventou as corridas de automóveis e a Fórmula 1, e que foi berço de lendas das pistas como Jim Clark e Nigel Mansell.

Senna continua a fascinar, como se ainda pilotasse. Ou como se ainda vivesse.

Na homenagem a Senna, o Top Gear caprichou. Presenteou o campeão mundial Lewis Hamilton – e por extensão os telespectadores – com uma volta na lendária McLaren em que Senna conquistou a imortalidade na Fórmula 1 com suas vitórias e títulos fundados nua mistura única de audácia extrema, dedicação completa e pilotagem cerebral. Hamilton disse que era um dos momentos mais felizes de sua vida. E contou que se lembrava perfeitamente do dia em que Ayrton Senna morreu – em maio de 1994, aos 34 anos, quando um problema em sua carro o impediu de fazer a Curva Tamburello, no momento em que ele liderava o GP de Ímola, na Itália. “Minha mãe me contou. Eu tinha nove anos. Posso recriar a cena inteira ainda hoje. Chorei profundamente.”

De tempos em tempos, uma morte tem o poder de comover e marcar milhões de pessoas, irmanadas num luto que cruza fronteiras e atravessa os anos. Foi o que aconteceu em dezembro de 1980, quando um fã descarregou sua arma em John Lennon em frente do edifício em que este morava em Nova York, o Dakota. E foi também o que aconteceu no domingo trágico de 1994 em Ímola. Pessoas numa quantidade formidável – não só no Brasil, mas mundo afora – são capazes de, como o piloto Lewis Hamilton, lembrar, quase vinte anos depois, o que estavam fazendo no preciso momento em que souberam da morte de Senna.

As estatísticas explicam parte do fascínio duradouro exercido por Senna. Nos anos em que correu na Fórmula 1, ele conquistou três títulos, ganhou 41 vezes e fez 65 pole positions. É muita coisa, mas outros pilotos têm números superiores aos dele. O alemão Michael Schumacher, por exemplo, tem sete títulos e 91 vitórias. Recentemente, vários pilotos foram ouvidos sobre quem foi o maior da história. O espanhol Fernando Alonson disse na hora: “Senna”. Hamilton também. Felipe Massa e Rubens Barrichello igualmente citaram Senna imediatamente diante da pergunta. O finlandês Mika Hakkinen, duas vezes campeão na década de 1990, ficou também com Senna. Ao saber da escolha de seus colegas, o próprio Schumacher disse: “Se me perguntarem quem foi o maior piloto de todos, eu também fico com o Senna”.

Como explicar o triunfo de Senna sobre os números que lhe são desfavoráveis? Primeiro, e acima de tudo, é preciso considerar que na Fórmula 1 o carro faz muita diferença – e Schumacher foi beneficiado por isso em diversas temporadas. Na Ferrari, particularmente, Schumacher não apenas teve um automóvel muito acima dos demais como ganhou da equipe companheiros que estavam na pista basicamente para ajudá-lo. Numa de suas vitórias, Schumacher ultrapassou seu colega de Ferrari Barrichello no momento em que este, por ordem da escuderia, virtualmente parou para que ele pudesse vencer. Foi um triunfo ultrajante. Mesmo assim, está computado nos números de Schumacher. Se não bastassem as supermáquinas e a posição ultraprivilegiada na Ferrari, Schumacher teve a sorte de correr numa era de pilotos medíocres.

Senna, ao contrário, competiu com gigantes como Alain Prost, com quem protagonizou uma das mais eletrizantes rivalidades da Fórmula 1. Nos dois anos em que eles foram companheiros na McLaren, em 1988 e 1999, Senna e Prost com seus carros vermelhos e brancos idênticos elevaram a Formula 1 a um patamar de competição e espetáculo que nunca mais voltaria a ser alcançado posteriormente. Disputaram o título nos dois anos volta a volta, prova a prova. Senna derrotou Prost em 1988 e só não repetiu isso em 1989 porque foi fechado pelo rival na prova decisiva quando estava prestes a passá-lo. (Em 1990, Senna daria o troco a Prost, batendo propositadamente na Ferrari deste logo na primeira curva da corrida que definiria o título, no Japão. Senna seria campeão se Prost não terminasse a prova, e Senna logo providenciou isso ao manter o carro descaradamente numa linha reta quando Prost ia tomando a ponta na curva.)

Senna, fora Prost, enfrentou nas listas outros pilotos formidáveis, como o brasileiro Nelson Piquet e o inglês Nigel Mansell. Por tudo isso, Senna prevalece nas comparações com Schumacher. É como se em Schumacher o mundo da Fórmula 1 visse a ação do carro superior aos outros e dos cartolas, para não falar dos adversários limitados, e, em Senna, puramente o fator humano. O mito é também alimentado pela morte prematura e sensacional. Mas a imagem de Senna como um piloto extraordinário nasceu bem antes que ele vencesse sua primeira prova na Fórmula 1. Mais precisamente: antes que ele disputasse sua primeira corrida na principal categoria do automobilismo mundial.

Senna deixou o Brasil para viver na Inglaterra, a pátria das corridas de automóvel, em 1981, aos 21 anos. No Brasil, ele já era conhecido como um piloto incomum graças a uma coleção de vitórias obtidas no kart desde que era criança. (No resto da vida, Senna falaria com nostalgia dos tempos de kart, em que o que havia era “pura corrida, sem dinheiro, sem politicagem”.) Na Inglaterra, Senna logo chamaria a atenção dos dirigentes das principais escuderias de Fórmula 1 ao ser campeão em divisões inferiores em 1982 e 1983 bem a seu estilo – ultrapassagens sensacionais e inconformismo com outra posição que não fosse a primeira. Sua vontade de vencer – colossal, para muitos doentia, mas sem dúvida essencial para que ele fosse o que foi – tem um bom paralelo, nos dias de hoje, com a gana do tenista espanhol Rafael Nadal.

Logo em sua primeira temporada na Fórmula 1, na pequena Toleman, Senna confirmou as expectativas elevadas em torno de seu futuro. Numa prova em que uma chuva forte praticamente igualou os carros, Senna, para admiração e surpresa de todos, parecia dirigir como se a pista só para ele estivesse seca. Largou de trás, foi passando um a um, com seu carro modesto, os adversários e quando tirava quatro segundos por volta do líder Alain Prost a corrida foi interrompida. Foi o primeiro de uma série memorável de desempenhos na chuva. A familiaridade de Senna com as pistas encharcadas veio dos dias de menino. Ele gostava de ir ao kartódromo, em São Paulo, quando chovia. Senna logo iria para equipes melhores – primeiro a Lotus, intermediária, e depois para a McLaren, onde ele viveria seus dias de ouro.

Em Senna se reuniam vários contrastes. O piloto exuberante se transformava, fora do carro, num homem discreto. Reservadamente, sem espalhafato, ele assim que pôde começou a ajudar crianças pobres em seus estudos – a maneira mais eficiente de permitir que ascendam. No documentário “Senna”, uma de suas falas apontava para algo que é hoje intensamente debatido no mundo: a disparidade social. No Brasil, notava ele, a beleza natural tem como contrapartida a violência, “provocada pela desigualdade”. Na pista, Senna ajudou brasileiros de todas as classes — alegrando-os com suas vitórias nos domingos pela manhã e mostrando, ao carregar a bandeira do país nas voltas de comemoração, que o Brasil tinha, sim, jeito.

Era religioso. Disse – com a proeza suprema de não cair no ridículo – que falou com Deus ao ganhar seu primeiro título. A fé vinha da mãe, Neide. Numa entrevista no começo da carreira de Senna, ela disse que pedia a Deus todos os dias que nada acontecesse com o garoto. Dez anos depois, o carro pilotado por seu filho não faria a curva Tamburello. Não existe registro, na história recente do país, de uma comoção comparável à que se viu no enterro de Senna.

Em seu túmulo, no Cemitério do Morumbi, está gravada uma inscrição: “Nada pode me separar do amor de Deus”. Pessoas mais céticas podem não acreditar em tais palavras, extraídas da bíblia. Mas ninguém ousaria discutir que nada pode separar Ayrton Senna do coração de milhões e milhões de pessoas de todas as partes que tiveram o privilégio de um dia vê-lo nas pistas – indomável, insaciável e, para muitos, absolutamente incomparável.




terça-feira, 27 de novembro de 2012

Frase do Dia

"Os felizes são curiosos. Os infelizes já sabem demais."


Álvaro Moreyra

Dicas básicas para compras na net com segurança



Com a proximidade do Natal, vale reforçar dicas básicas de segurança antes de se aventurar em compras online. Estas recomendações aí são parte de um infográfico do PayPal (para vê-lo na íntegra, espiem aqui):

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Frase do Dia

"Cada homem oculta em si um demônio."


Dostoiévisk

Qual a alternativa ao assassinato de cães e gatos? O que temos a ver com isso?





Enquanto cães e gatos forem tratados como restos e lixo, e não como parte de nossa humanidade, pela qual todos devemos responder, seguiremos presos nesse mundo pré-darwinista que segue considerando o homem a imagem e semelhança de Deus e justificando uma cultura do extermínio.

No dia 19 de novembro de 2012 o Jornal Nacional, decerto concorrendo com pautas reiteradas da Record, levou ao ar uma reportagem que denuncia o extermínio de cães no hospital veterinário da ULBRA, uma universidade privada do Rio Grande do Sul. A matéria gerou comoção não apenas dentre os protetores de animais, mas entre aqueles que não costumam se envolver no assunto. Denunciar maus tratos contra animais sempre é bem vindo e devido, mas é preciso levar a sério o problema. Pois o problema, como se sabe, são os "perros", os cães. Os gatos, coitados, esses sequer são mencionados, mas agora, quando vem o calor, as infinitas ninhadas largadas ao léu, cevadas pelo obscurantismo que não obriga nem oferece as condições para castração de animais domésticos pelas famílias de baixa renda nos lembram que eles estão nessa.

O que fazer, diga lá você, que ficou indignado com a reportagem que saiu no Jornal Nacional, com o problema dos cães e dos gatos abandonados e em reprodução indiscriminada, sobretudo nas regiões metropolitanas das grandes cidades? Você já pensou que saúde pública passa por um centro de controle de zoonoses republicano, isto é, esclarecido e de preferência não franciscano, mas darwinista? Já se engajou politicamente no tema? Já, alguma vez na vida, considerou a hipótese de pagar alguma castração de um gato ou de um cão num abrigo ou na casa de alguém sem recursos para tanto?

Você não quer "moralizar" a coisa? Ótimo. É bom mesmo não moralizar, porque se o fizermos o resultado é adoecedor. Agora bem, vamos politizá-lo, sim, porque se trata, antes de mais, de uma questão civilizatória, sob todos os aspectos.

Ninguém precisa ter um gato ou um cão, se não o quiser. E é melhor, infinitamente melhor, não ter e não adotar - e não comprar - se não se tiver no peito e na alma o espaço para esse tipo de relação. E a razão é muito simples e biológica: cães não sobrevivem sem humanos. Cães não existem e não teriam nunca vindo à existência se nós não os tivéssemos selecionado. Qualquer abordagem evolutiva minimamente consistente pode inferir disso que nós também fomos humanizados em função de nossa relação com canídeos. O processo de domesticação dos grandes felinos é mais tardio, mas também se torna inteligível com uma lente darwinista.

Não é preciso ser refletida e consistentemente darwinista para saber que o modo como tratamos os cães reflete o modo como tratamos a nós mesmos, como sociedade. Uma sociedade que não cultiva a coleta seletiva de lixo, que não toma parte na fiscalização das prefeituras a respeito dessa atribuição elementar é uma sociedade que trata cães e gatos como lixo, esta é outra inferência de natureza darwinista. E que o faz, bem entendido, porque vive e depende de famílias inteiras que sobrevivem catando e se alimentando de lixo; essas mesmas famílias que não são mais fomentadas a se cooperativarem, mas a usarem carroças, com cavalos esquálidos e maltratados, carregando os restos dos indignados de ocasião.

Junto com a estupidez da abundância e da orgia consumista vem a cegueira necessária para o que fica pelo caminho. E os cães e gatos, nesse enredo cruel do desperdício e da falta de educação, são como tubarões-tigre que seguem os esgotos dos navios cargueiros e de turismo que empodrecem os oceanos e que, sempre que possível, dão uma voltinha nos litorais. Assim como tubarões-tigre arrancam pernas nas praias dos desavisados da miséria ambiental que assola os litorais do Brasil, os cães e gatos podem matar com a transmissão de doenças e com mordidas.

Matá-los, assim como assassinar tubarões, é uma maneira de agir como um grupo de extermínio, que sai atirando no guri negro da periferia, para não deixar mais um marginal imaginado ganhar idade. Em termos estritamente racionais, isto é, darwinistas, não há diferença alguma de tratamento. A bestialidade e a antijuridicidade é a mesma: mata-se o problema imaginário, independente de qualquer inquérito e menos ainda de qualquer compromisso com a causalidade, a natureza, as perspectivas dos problemas que a própria sociedade produz, consome e reproduz, sobretudo os imaginários, como o racismo, o machismo e o especismo.

Na Índia, hoje, há aproximadamente 10 milhões de cães abandonados. No Brasil, 20 milhões. Problema: durante décadas a fio, quando a fome endêmica e a miséria geral levavam consigo os cães ainda filhotes e os gatos, além, é claro, das crianças (de cada 4, 1 no nordeste do Brasil), não havia "o problema dos cães e dos gatos". Não havia, porque ninguém via e ninguém via porque eles morriam a rodo. Hoje, não por acaso, com a diminuição da miséria, tanto aqui, como na Índia, com a redução da mortalidade infantil e com as políticas de saneamento tendo saído, sobretudo no Brasil, da estagnação, os cães que estariam mortos há décadas atrás estão vivinhos da silva. E os gatos, idem. Cada lata de atum ou de sardinha que vai para o lixo pode alimentar uma gata prenhe e os seus filhotes. A proliferação de ratos ao redor das embalagens de yogurte que passaram a ser adquiridas pela nova classe média é um dado empírico, a ser registrado nas melhores pesquisas (que eu tenho fé virão a ser feitas) do ramo.

Eles estão aí, como os esquizofrênicos recém largados nas ruas depois da reforma psiquiátrica (que, embora bem vinda, fechou hospitais e não criou ambulatórios de qualidade), a interpelar a concepção e os limites da neurose cidadã funcional. Estão aí como os moradores de rua, psicóticos ou não, que não têm laços a serem refeitos com a sociedade, independentemente do fato de ganharem ou não um salário mínimo ou um benefício social, ou restos de comidas e de ossos. Os cães e gatos estão aí, abundantes como a abundância, espelhando, biológica e sanitariamente, a nossa barbárie.

A maioria dos hospitais veterinários faz o que foi revelado pela reportagem que denunciou a ULBRA. A maioria dos CCZs do país o faz. A maioria das pessoas ligadas à proteção animal são religiosas e sentimentalizam o seu engajamento, no mais das vezes, mergulhando as relações com os animais num repulsivo vale de lágrimas. E, em tempo, a "Sociedade Protetora dos Animais" é um ramal inexistente da Casa do Papai Noel, deu para entender? As coisas são muito difíceis num mundo em que o especismo só é superado pela crença na vontade de Deus.

Se o Ministério Público vai fazer algo a respeito, que comece com uma ação civil pública, obrigando a todas as prefeituras do RS a oferecerem serviços de castração e microchipagem. Que o Ministério Público Federal aja, enquanto o lerdo e lamentável legislativo nada faz. Que se vincule os governos dos estados ao tema, por meio da urgência da criação de delegacias de proteção aos animais. Que nenhum beneficiário do Bolsa Família ou de qualquer outro programa social precise pagar pelo atendimento veterinário e pela castração dos seus animais. E que a castração seja política pública exigível de quem é beneficiário de programas sociais, assim como o são a frequência dos filhos à escola e a vacinação, entre outros.

A alternativa à eutanásia em massa é a castração, a consciência de que o problema é mais do que moral e mais do que de revolta pontual.

Pode-se fazer duas coisas com os ensinamentos de Darwin, neste tema como em qualquer outro: agir cinicamente e revoltar-se pontualmente, ou agir na dureza e na ordem das obrigações morais que o darwinismo impõe. O problema de agir cinicamente é que o darwinismo é, do ponto de vista moral, a perspectiva mais anticínica e socialmente consequente que há. A "grandeza de sua visão da vida" consiste em comprometer-se com a vida, sem hierarquias, sem misticismo, sem obscurantismo, sem o empréstimo misterioso de causas ad hoc para evadir-se das trevas cotidianas e da miséria em que a sociedade mergulha, sempre que lhe falta razão e sobra religião.

Parem de matar, parem de deixar procriar para depois abandonar, não abandone, não deixe de denunciar quem abandona, não jogue lixo na rua, não misture o lixo, não cultive ratos no seu quintal nem deixe que os gatos se reproduzam, mas não os mate. Mas não os matem, porque foram vocês que os criaram e eles são parte sua. Matá-los é como arrancar pedaços de si que seguem crescendo e causando dor. Não adianta e perpetua a ilusão de que o problema terá terminado. Ter quatro patas e latir não é índice de inferioridade ontológica ou ética frente à criança vítima de um pedófilo ou de um tiro.

Enquanto cães e gatos forem tratados como restos e lixo, e não como parte de nossa humanidade, pela qual todos devemos responder, esse tipo de coisa acontecerá, e às vezes, muito raramente, o Jornal Nacional, para competir com a Record que seja, contará algo que revirará os estômagos de quem deixa de seguir os feeds dos engajados na proteção animal.

Ajudar na adoção, resgatar, abrigar provisoriamente, pagar castrações, amadrinhar, participar de campanhas de arrecadação, tudo isso importa e é fundamental. Mas são ações contra a maré. E a maré é a da destruição, do descarte, do desprezo, do obscurantismo das causas finais da visão sombria de mundo, da abundância de imbecilidade.

Espero sinceramente que o Estado e os representantes políticos saiam desse mundo pré-darwinista que segue considerando o homem a imagem e semelhança de Deus e, enfim, possam começar a enfrentar essa chaga histórica-política-ética e longeva da cultura do extermínio.

Fica a pergunta para você, que leu esta mensagem: quantas castrações você é capaz de bancar por mês? Já procurou se informar? Já fez lar temporário? Já resgatou algum bicho? Já considerou a hipótese de amadrinhar algum? Saiba, o estado nosso ainda é obscurantista o suficiente para não fazer nada, e para quando o fazer, operar subrepublicanamente.

Com 70 reais você pode bancar a castração de uma gata em Porto Alegre. É um pouco mais do que duas garrafas de espumante e talvez não pague um corte de cabelo. É muito menos que duas garrafas de bons vinhos e decerto é mais barato que um bom jantar num restaurante. Resulta, apesar disso, em vidas salvas, em evitar a proliferação de doenças e interditar a barbárie dos maus tratos, do abuso, da fome, da proliferação do problema. Em breve, oxalá, haverá compensações tributárias e políticas públicas para enfrentar mais esta barbárie. Até lá, pelo menos haja uma consciência darwinista elementar, para além de indignações pontuais.


(*) Bacharela pela Faculdade de Direito do Recife, Mestre em Filosofia, Doutora em Filosofia, pela UFRGS, sub-editora e tradutora da Carta Maior.






quinta-feira, 15 de novembro de 2012

JAMES BOND: 50 ANOS EM BOA COMPANHIA




Um homem, um carro

Sean Connery foi o primeiro de seis atores a interpretar James Bond. Mas independente de quem assumisse o papel, o agente seguia consistente: ele amava lindas mulheres e carros rápidos, como este Aston Martin. Porém, no filme "007 contra GoldenEye", ele dirigiu um BMW Z3 fabricado na Alemanha. Na verdade, James Bond encontrava alemães com frequência, incluindo "Bond Girls" e vilões famosos.






A garota da praia de Bond

O primeiro filme de Bond, "O satânico Dr. No", foi lançado em 5 de outubro de 1962. O personagem foi criado pelo escritor Ian Flemming. As histórias foram filmadas antes, mas somente quando a produtora Eon comprou os direitos do filme, ele se tornou um sucesso nas bilheterias. A atriz suíça-alemã Ursula Andress ascendeu à fama com sua aparição como Honey Rider em "O satânico Dr. No".



Linda, porém perigosa

Karin Dor foi a segunda "Bond Girl" alemã. Ela atuou como a agente ruiva Helga Brandt em "Com 007 só se vive duas vezes" (1967). Brandt era cúmplice do vilão Blofeld, que faria outras aparições em filmes de James Bond. Brandt, por outro lado, morreu de forma espetacular quando caiu no tanque de piranhas de Blofeld e foi comida viva.



Sombras da Guerra Fria

Mesmo depois de a Guerra Fria terminar, a tensão Ocidente – Oriente permanecia no centro das discussões. Em "007 contra GoldenEye" (1995), um general russo rouba um poderoso sistema de armas que era capaz de sequestrar outros sistemas operacionais de computadores. O ator alemão Gottfried John ganhou fama internacional com o papel. Foi o primeiro filme com o ator irlandês Pierce Brosnan como James Bond.



Um homem, um carro

O taciturno e confiante Daniel Craig é o mais recente 007. Seu último filme "007 contra Skyfall" estreia nos cinemas no fim de outubro, com música-tema cantada por Adele. Desta vez, não há "Bond Girls", nem carros ou capangas alemães. Em vez disso, um punhado de bons e velhos efeitos especiais. Só um carro combina com o Bond mais durão de todos os tempos – um mais que britânico Aston Martin.


  • Veja o Trailler do último filme - 007 Contra Skyfall:





domingo, 11 de novembro de 2012

Qual o fato mais surpreendente sobre o Universo?

Da série Vídeos para começar bem o dia – por sugestão do leitor Tiago Nobre: certa vez, um repórter da revista Time perguntou ao físico Neil DeGrassi Tyson qual seria o fato mais surpreendente que ele poderia compartilhar com os leitores sobre o Universo?



Som da Tarde - Bruno Mars- Locked out of Heaven


sábado, 10 de novembro de 2012

Capítulo 4 - A Mão Misteriosa no ônibus


Por Guilherme Moura






Seu ex-marido não se interessava por seus gostos à moda Emmanuelle. Era um indivíduo mais restrito, encabulado e nervoso na hora de marcar o gol. Nesse quesito, Sandrinha não tinha vergonha, tinha desejos!
            Se pedisse a Paulo Sérgio um “tapinha”, não o ganhava por que isso era agressão, pedia então um “puxão” no cabelo, também não o ganhava. E Sandrinha sempre sonhara em sentir a tão falada “pegada”.
            Disse certa vez o grandioso boêmio escritor Nelson Rodrigues – “Nem toda mulher gosta de apanhar. Só as normais”.
            Sandrinha na definição de Nelson Rodrigues era uma mulher normal, sentia a necessidade de ganhar uns tapas. E pensava - aonde conseguir nessa sociedade invertida, onde homens, que mais se parecem com crianças – jogando videogames e pedindo pra mamãe esquentar o leite no microondas – estes tais homens que ainda passam creminhos “Não me dê espinhas” pra dormir.
            Eu quero um macho, que tenha pegada, que me fale palavrões ao pé do ouvido. Eu quero um homem xucro, bruto e sistemático, que bebe cachaça em copo de requeijão e que não saiba porra nenhuma de “modinha”!!!
            Ao sentir-se puxada, Sandrinha teve por alguns segundos, pensamentos profanos. Gostou de ser puxada. Sentira que o indivíduo era maior que ela. Escutava a sua respiração um pouco ofegante.
            Inclinou a cabeça um pouco para esquerda – não sei por que temos a tendência pelo o lado esquerdo. Um bafo quente envolveu sua orelha. Novamente arrepios percorreram seu corpo e pelinhos levantaram. Pelinhos levantaram nas partes mais côncavos de seu corpo.
            A voz grossa ecoou pelos labirintos da sua orelha com a seguinte frase: - Eu te quero! Não importa onde...simplesmente te desejo!
            Sandrinha acostumada a ouvir palavras mais polidas de Paulo Sérgio, não sabia o que fazer.  Paralisada pensou: - corro, desço aqui mesmo no sinal, grito ou me entrego.
            Um nó na sua cabeça, seu cérebro não conseguia distinguir realidade e ficção, tesão e medo, desejo e pavor...
            Novamente suas pernas balançaram, sua odorese aumentou, começou a ficar tonta. Seus olhos semiabertos não sabiam pra onde olhar, não sabiam o que olhar.
            Quando estava prestes a cair, balançando mais que o Rock Balboa contra o lutador russo no filme Rock IV, a “segunda mão” a puxou.
            Caíra no colo de um desconhecido.