quinta-feira, 23 de março de 2017

Uma fábula do futebol brasileiro

Jornalista, escritor, psicanalista, doutor em Literatura, com pós-doutorado na Sorbonne II, comentarista da GloboNews, autor de 15 livros, Felipe Pena publicou texto no jornal Extra que passeia pela crítica, a ironia e a fábula. Com talento, ele fez uma dura crítica a um episódio da vida moderna brasileira.

O texto é este:

Felipe Pena
O juiz que sequestrou um jornalista

Felipe Pena

“Tenho Pena dele” é o nome da página no facebook que minha mulher fez pra mim.

No começo, não achei a ideia boa. Argumentei que não ficaria bem perante a minha comunidade, mas acabei cedendo às pressões do amor midiático da Karlinha, esposa amada e zelosa.

Como sabem, sou juiz da Liga de Futebol de Várzea do meu bairro. Quando me visto de preto, todos me respeitam a abaixam a cabeça. Apito com força e conhecimento. Sou formado pela Soccer Judge Association, em Harvard, capital intelectual do esporte.

No campo, minhas decisões são rápidas. Não hesito em distribuir cartões vermelhos. Já mandei muita gente pro chuveiro mais cedo. Em alguns casos, deixo o jogador trancado no vestiário por meses até que ele entregue o técnico que o instruiu a entrar de carrinho no adversário. Aí expulso o técnico, o massagista e até o porteiro do clube. Sou o justiceiro da liga.

Os torcedores me amam. Quer dizer, a quase totalidade me ama. Os de amarelo amam um pouco mais. Tiram até selfies comigo quando vou a restaurantes, shows e homenagens. Mas, no ano passado, tivemos um pequeno problema de comunicação e minha dileta consorte pediu vênia para fazer a tal página no livro dos rostos.

“Será um desagravo a você” – dizia, com uma admiração karnal, ultrapassando a metafísica e querendo me defender de um episódio controverso.

Ela se referia ao fato de eu ter divulgado gravações de conversas com os jogadores durante uma partida. Na época, vazei tudo para a imprensa, mesmo sabendo que era ilegal. O importante era garantir a transparência do jogo através do grampo no meu apito. Mas o pessoal da federação não gostou e puxou a minha orelha. Quer saber? Obrei pra eles.

O problema mesmo é que ficaram irritadinhos porque chamei o capitão do time adversário pra uma conversa coercitiva com meus lindos e poderosos bandeirinhas. Nada demais, só uma vasculhada nas gavetas e duas ou três invasões de domicílio pra causar um AVC nos familiares.

E ainda fui obrigado a adiar a conversa porque um jornalista cretino vazou a operação. Quem ele pensa que é? Só quem vaza informação nesse jogo sou eu, meu querido. “Vai se arrepender” – pensei, e aguardei um ano pra dar o troco. Um ano de paciência, mas a hora do sujeito finalmente chegou.

Hoje, meti uma coercitiva nele. O meliante do microfone foi arrancado de casa pelos meus bandeirinhas musculosos (comandados por um hipster todo trabalhado no fascismo) e conduzido para a sede da federação dos juízes. E ainda levei computadores, celular, tablet e aquela parafernália eletrônica do blog. Se ele conseguir sair do cativeiro, vai ficar um bom tempo sem trabalhar.

Os colegas do cara nem reclamaram. São todos meus amigos e vivem das informações que vazo pra eles. Se não fosse por mim, não teriam notícias. Acha que alguém é louco de me peitar nesse bairro?

O futebol é meu esporte.

Sou o dono da bola e faço as regras aqui na várzea.

Os poucos que não se enquadram enfrentam a fúria de Karla, minha esposa, minha protetora e minha blogueira.

Entrem na página que ela fez pra mim no facebook.

Hoje, deixei um vídeo pra vocês. Amanhã, mostrarei as algemas do cativeiro e as fotos do sequestrado para aumentar o número de views.

Eu sei, eu sei: quando um juiz se preocupa com a popularidade, não faz justiça, faz política.

Mas quem se importa?

Isso é apenas futebol.

De bairro.

E de várzea.

Tenho pena de mim.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Mas Afinal o Que Querem as Mulheres? (artigo co-criado por várias delas!)


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Caroline Caracas
A velha indagação feita por Freud, pai da psicanálise, já virou livro, série de TV e continua dando muito pano pra manga. Afinal, nossos desejos evoluem junto com o mundo e não abrimos mão do nosso “querer apaixonado”. Mudam-se os tempos, evoluem os desejos, mas permanece a imensa determinação de alcançá-los passada de geração em geração.

Para realizar esse artigo, enviei a pergunta em grupos de whats app e nas minhas redes sociais: Mas Afinal, o que Querem as Mulheres?

O engajamento foi instantâneo. Elas não perdem a oportunidade de expressar pro mundo seus pensamentos, pleitos, emoções e contribuições. Sem as minhas colegas de gênero esse artigo não seria tão real! De antemão, meu muito obrigado pela participação de TODAS!

Meu papel hoje aqui é apenas reunir em palavras suas expressões e desejar que o seu Dia da Mulher seja um dia especial, apesar de ser um dia comum de luta e glória na vida de tantas mulheres.
Vamos aos resultados da enquete:

1. Respeito
Queremos respeito, acima de tudo. Nada adianta a fala de igualdade de direitos, se nós mulheres não somos respeitadas. Respeitadas dentro do lar, quando da arte de ser mãe, esposa e companheira. Respeitadas, quando na Empresa temos o papel de protagonizar a gestão de pessoas, finanças e tantas outras operações.
Não queremos chocolate!
Não queremos flores!
Queremos RESPEITO.
E, acima de tudo, sermos nós protagonistas do respeito para com o outro. Seja Homem ou Mulher.
Respeito sem distinção de cor, sexo, raça, gênero e/ou escolha sexual. É preciso Respeitar! Patricia Marel
Respeito, cumplicidade e autonomia - Mônica Martins

2. Igualdade
Igualdade e respeito, o resto a gente conquista - Simone do Valle
Seu espaço de direito e autenticamente feminino, sem ter que se moldar aos aspectos masculinos para se valerem. Thais Leal
Acho que chega dessa historinha de mulher ser taxada como a princesa presa no castelo a espera do príncipe encantado.. somos a dona do castelo, nada de beijo no sapo que vai virar o príncipe, já foi!! O sapo foi pro Brejo hahaha! Brincadeiras literárias a parte... somos mulheres com instinto de vencedoras, guerreiras, gostamos de gentileza, admiração e respeito! A todas nós guerreiras e belas Parabéns mulheres Ismênia Raposo

3. Ser amada (é claro!!)
Ser feliz, me sentir amada, reconhecida, desejada, respeitada, livre, ter momentos de plena calmaria, conseguir administrar meus sentimentos de forma eficiente para conseguir alcançar meus objetivos sem ter crises em que até esqueço quais são rs. Paola Buoro

4. Liberdade! Sabedoria! Tempo! Paz
Citado por muitas delas de forma direta e curta! (Diana Macedo, Jac Lopes, Maria Lavareda, Priscila Macieira, Janaina Michiles etc)

5. Ser feliz!
O ser feliz é o resumo de tudo, mas veio seguido com alguns predicados:
Ser feliz e ser magra! rs (tá no seu direito!)
Ser feliz e menos complicada (concordo!)
Ser feliz e Basta! (de bom tamanho!)

6. Sucesso Profissional
Eu quero reconhecimento profissional! Gláucia Hamond
Conciliar carreira e maternidade - Andréia Gonçalves

7. Vida Simples
Disse Manu Peixoto: Vida simples, tempo livre, paz interior, fazer a diferença na vida das pessoas, ajudar o mundo a ser um lugar melhor.
E eu assino embaixo! Acho que às vezes não sabemos que queremos isso, mas quando ganhamos essa consciência a vida se torna muito mais leve e descomplicada.

8. Contribuir para um mundo melhor - disse Cristina Guimarães
Esse é um desejo genuíno de todas nós, tenho certeza! Ainda que muitas se adormeçam pela correria do dia a dia e se sintam um pouco egoístas. Basta um simples chamado para que elas se enfileirem prontamente como um exército de benfeitoras, prontas para ajudar o próximo.

9. Relacionamentos saudáveis:
Um relacionamento assentado em um banquinho de 3 pés. Um pé de bom humor/leveza. Um pé de tesão. Um pé de admiração por si mesma e pelo outro. Rossana Maria

10. Poder:
Teve até resposta bem freudiana da amiga psicóloga e youtuber Flávia Melissa: “As mulheres querem se sentir completas e poderosas, pra negar a castração e o buraco deixado pela quebra do narcisismo”. (segundo Freud elas querem o “falo” do homem de volta, elas querem o poder!)

Poderia ir além, afinal foram muitas as respostas, mas esse artigo ficaria longo demais! Vamos parar por aqui e “carpe diem”!
Vamos fazer mais por nós mesmas nesse dia de muitas homenagens. A data comemorativa é apenas um lembrete de que temos que nos valorizar e buscar plenitude e felicidade acima de tudo.

E mesmo que você seja do sexo oposto, desperte em você a alma feminina cheia de amor, carinho, cuidado, garra, força de vontade, inteligência, sensualidade e muito sentimento de solidariedade pois o mundo precisa disso para superar seus enormes desafios.

(Para ver na íntegra as resposta acesse a minha timeline no facebook (carolinecaracas) e no instagram @carolinecaracascoach.
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