quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Governo fixa Piso Nacional do Magistério em R$ 1.451



O Governo Federal determinou nesta segunda (27) que o Piso Nacional do Magistério seja reajustado em 22%, como exigiam os professores das escolas públicas. Mesmo assim, a CNTE mantém a convocação de paralisação nacional para os dias 14, 15 e 16/3, com o objetivo de exigir a adoção imediata da lei por todos os estados e municípios. Em Goiás, Rondônia e Piauí a greve já foi deflagrada.

Najla Passos

Brasília - Os professores das escolas públicas venceram a queda de braço com governadores e prefeitos e conseguiram convencer o governo federal a determinar que o reajuste do Piso Nacional do Magistério seja feito com base no aumento do custo por aluno estabelecido pela Lei do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). 

Com isso, o menor salário a ser pago aos educadores brasileiros em regime de 40 horas, neste ano, será de R$ 1.451, um aumento de 22% sobre o salário pago no ano passado, que era de R$ 1.187. 

Os governadores e prefeitos defendiam que o reajuste se baseasse no Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC), aferido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que este ano foi de 6%. 

Mesmo assim, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) mantém a convocação de greve nacional para os dias 14, 15 e 16 de março. 

“Nós reivindicamos que todos os estados e municípios paguem o piso nacional do magistério, respeitando a estrutura das carreiras e o direito à hora-atividade”, esclarece a secretária-geral da entidade, Marta Vanelli.

De acordo com ela, apesar da lei ter sido sancionada em 2008, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado, muitos estados e municípios ainda não a cumprem ou procuram burlá-la, retirando outros direitos dos trabalhadores. 

É o caso dos três estados da federação que anteciparam a mobilização e já deflagraram greve. Os professores de Goiás estão parados desde o dia 6. Os de Rondônia cruzaram os braços no dia 23 e os do Piauí, nesta segunda (27). 

“Em Goiás, por exemplo, o Estado aceitou pagar o piso nacional, mas achatou o resto da carreira. Os professores com nível superior, em regime de 40 horas, tiveram apenas R$ 30 de reajuste. Os salários subiram de R$ 1.980 para R$ 2.010”, explica ela. 

A dirigente afirma que expectativa da CNTE é que outras regiões adiram ao movimento, paralisando as aulas em definitivo a partir da convocação nacional. As situações são díspares nos estados e municípios, mas em quase todos eles a categoria reivindica adequações à lei nacional.

“O Pará aceitou pagar o piso, manteve a estrutura da carreira, mas não paga a hora-atividade. Caso também de São Paulo e Paraná. As situações mais grave, entretanto, são dos estados de Minas Gerais, que possui duas tabelas de vencimentos, e do Rio Grande do Sul, que paga apenas R$ 868 para os professores em regime de 40 horas”, afirma. 

Na convocatória para a greve nacional dos dias 14, 15 e 16, a CNTE reivindica também a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação, a reestruturação das carreiras e o fim das terceirizações no setor. 

“Não vamos dar sossego aos prefeitos e governadores enquanto não tivermos a Lei do Piso cumprida na sua totalidade”, diz o presidente da CNTE, Roberto Leão em vídeo destinado à categoria.



Fonte: Carta Maior

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Como enfrentar a sexta extinção em massa?



Referimo-nos anteriormente ao fato de o ser humano, nos últimos tempos, ter inaugurado uma nova era geológica – o antropoceno – era em que ele comparece como a grande ameaça à biosfera e o eventual exterminador de sua própria civilização. Há muito que biólogos e cosmólogos estão advertindo a humanidade de que o nível de nossa agressiva intervenção nos processos naturais está acelerando enormemente a sexta extinção em massa de espécies de seres vivos. Ela já está em curso há alguns milhares de anos. Estas extinções, misteriosamente, pertencem ao processo cosmogênico da Terra. Nos últimos 540 milhões de anos ela conheceu cinco grandes extinções em massa, praticamente uma em cada cem milhões de anos, exterminando grande parte da vida no mar e na terra. A última ocorreu há 65 milhões de anos quando foram dizimados os dinossauros entre outros.

Até agora todas as extinções eram ocasionadas pelas forças do próprio universo e da Terra a exemplo da queda de meteoros rasantes ou de convulsões climáticas. A sexta está sendo acelerada pelo próprio ser humano. Sem a presença dele, uma espécie desaparecia a cada cinco anos. Agora, por causa de nossa agressividade industrialista e consumista, multiplicamos a extinção em cem mil vezes, diz-nos o cosmólogo Brian Swimme em entrevista recente no Enlighten Next Magazin, n.19. Os dados são estarrecedores: Paul Ehrlich, professor de ecologia em Standford calcula em 250.000 espécies exterminadas por ano, enquanto Edward O. Wilson de Harvard dá números mais baixos, entre 27.000 e 100.000 espécies por ano (R. Barbault, Ecologia geral 2011, p.318).

O ecólogo E. Goldsmith da Universidade da Georgia afirma que a humanidade ao tornar o mundo cada vez mais empobrecido, degradado e menos capaz de sustentar a vida, tem revertido em três milhões de anos o processo da evolução. O pior é que não nos damos conta desta prática devastadora nem estamos preparados para avaliar o que significa uma extinção em massa. Ela significa simplesmente a destruição das bases ecológicas da vida na Terra e a eventual interrupção de nosso ensaio civilizatório e quiçá até de nossa própria espécie. Thomas Berry, o pai da ecologia americana, escreveu:”Nossas tradições éticas sabem lidar com o suicídio, o homicídio e mesmo com o genocídio mas não sabem lidar com o biocídio e o geocídio”(Our Way into the Future, 1990 p.104).

Podemos desacelerar a sexta extinção em massa já que somos seus principais causadores? Podemos e devemos. Um bom sinal é que estamos despertando a consciência de nossas origens há 13,7 bilhões de anos e de nossa responsabilidade pelo futuro da vida. É o universo que suscita tudo isso em nós porque está a nosso favor e não contra nós. Mas ele pede a nossa cooperação já que somos os maiores causadores de tantos danos. Agora é a hora de despertar enquanto há tempo.

O primeiro que importa fazer é renovar o pacto natural entre Terra e Humanidade. A Terra nos dá tudo o que precisamos. No pacto, a nossa retribuição deve ser o cuidado e o respeito pelos limites da Terra. Mas, ingratos, lhe devolvemos com chutes, facadas, bombas e práticas ecocidas e biocidas.

O segundo é reforçar a reciprocidade ou a mutualidade: buscar aquela relação pela qual entramos em sintonia com os dinamismos dos ecossistemas, usando-os racionalmente, devolvendo-lhes a vitalidade e garantindo-lhes sustentabilidade. Para isso necessitamos nos reinventar como espécie que se preocupa com as demais espécies e aprende a conviver com toda a comunidade de vida. Devemos ser mais cooperativos que competitivos, ter mais cuidado que vontade de submeter e reconhecer e respeitar o valor intrínseco de cada ser.

O terceiro é viver a compaixão não só entre os humanos mas para com todos os seres, compaixão como forma de amor e cuidado. A partir de agora eles dependem de nós se vão continuar a viver ou se serão condenados a desaparecer. Precisamos deixar para trás o paradigma de dominação que reforça a extinção em massa e viver aquele do cuidado e do respeito que preserva e prolonga a vida.

No meio do antropoceno, urge inaugurar a era ecozóica que coloca o ecológico no centro de nosas atenções. Só assim há esperança de salvar nossa civilização e de permitir a continuidade de nosso planeta vivo.

Leonardo Boff é autor com Mark Hathaway de O Tao da Libertação: explorando a ecologia da transformação, Vozes 2011.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Frase do Dia

"Sonho é coisa de criança, eu tenho convicção!"



Paulo Roberto "Falcão", em entrevista a Revista ALFA.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

José Paulo Bonchristiano e o DOPS

José Paulo Bonchristiano no sofá de seu apartamento no Brooklin, zona Sul de São Paulo (Foto: Julia Rodrigues)
“A ordem que a gente tinha desde o começo era identificar e prender todos os comunistas. Queríamos acabar com o Partido Comunista”, diz Bonchristiano.


Em mais de 15 horas de entrevista para a "Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo", José Paulo Bonchristiano, ex-delegado do DOPS, não se cansa de repetir.“O DOPS era um órgão de inteligência policial, fazíamos o levantamento de todo e qualquer cidadão que tivesse alguma coisa contra o governo, chegamos a ter fichas de 200 mil pessoas durante a revolução”, diz, referindo-se ao golpe militar de 1964, que deu origem aos 20 anos de ditadura no Brasil.

Confira toda a entrevista no sítio - Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Dica de Filme para o "Feriadão"


Se você não gosta de carnaval, apenas aprecia o "feriadão", assim como eu, fica a dica, "Hannibal - a origem do mal"...aprecie com moderação!!!






Em O Silêncio Dos Inocentes descobrimos como ele faz. Em Dragão Vermelho descobrimos quem ele é. Agora, prepare-se para responder a mais intrigante das perguntas; por quê? O início da história do vilão mais cruel do cinema finalmente é revelado. Descubra a origem do ódio de Hannibal Lecter e seu desejo insaciável de matar.

Som da Tarde - Adele

"Someone Like You", de Adele, numa das maiores premiações da música britânica, o Brit Awards. Pra você curtir nesta tarde ensolarada...




Frase do Dia



"Nenhum homem escolhe o mal porque é mal. Apenas confunde com felicidade a virtude que ele procura".

Mary Wollstonecraft Shelley

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Dica de Fim de Semana - O Curioso Caso de Benjamin Button






Trailer do filme 'O Curioso Caso de Benjamin Button' (The Curious Case of Benjamin Button), estrelado por Brad Pitt e Cate Blanchett, com direção de David Fincher.

Eu nasci em circunstâncias muito incomuns. E assim começa O Curioso Caso de Benjamin Button, adaptado à partir da clássica história de 1929 de F. Scott Fitzgerald, sobre um homem que nasce com 80 anos de idade e envelhece ao contrário. Um homem, como qualquer um de nós, incapaz de parar o tempo. Acompanhamos sua história em Nova Orleans desde o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918, chegando ao século 21, em uma jornada tão intrigante quanto a vida de qualquer um pode ser.

Com direção de David Fincher e estrelado por Brad Pitt e Cate Blanchett, com Taraji P. Henson, Tilda Swinton, Jason Flemyng, Elias Koteas e Julia Ormond, Benjamin Button é uma grande história de um homem incomum as pessoas e lugares que ele conhece ao longo do caminho, os amores que encontra, as alegrias da vida e a tristeza da morte, e o que dura além dos tempos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Caso Palocci Em Minha Carreira






Para o livro “Minha Tribo — o Jornalismo e os Jornalistas”, que pode ser lido aqui, escrevi um capítulo sobre o tristemente célebre Caso Palocci. Consolidei textos que escrevi no Diário, e o fruto está abaixo.



O caso Palocci foi um dos episódios mais desagradáveis de minha carreira.

Palocci foi quem fez chegar a nós, na redação da Época, em 2006, informações que supostamente desqualificariam um caseiro de Brasília que dissera que ele frequentava uma mansão pouco recomendável quando ele era ministro da Fazenda. Na época, eu era diretor editorial da revistas da Globo, a principal das quais era e é a Época.

Numa inversão patética dos princípios sob os quais nasceu o seu PT, Palocci ali era o poderoso querendo esmagar de qualquer forma o humilde.

Palocci, acusado pelo caseiro de comportamento indevido para um ministro, manobrou nos bastidores com dados sobre a conta corrente do caseiro. A privacidade financeira deste foi invadida e descobriram em sua conta depósitos que mostrariam que ele recebera dinheiro para denunciar Palocci. Palocci, portanto, seria inocente.

Para encurtar, não havia fundamento nas contra-acusações. O caseiro estava limpo. Palocci, não. Ele mentiu insistentemente ao dizer que não tinha sido ele que tramara contra o caseiro. Dê um “Google” e pesquise. Você encontrará uma pilha em que se misturam mentiras e cinismo.

Foi Palocci, sim, quem passou o “Dossiê Caseiro”.

Como é comum nestas situações, a informação foi passada não diretamente à redação – mas à cúpula das Organizações Globo. Muitos políticos preferem conversar diretamente com os donos, e não com os jornalistas. Não é uma peculiaridade brasileira. Churchill só falava com os proprietários quando era primeiro-ministro do Reino Unido. (Isso não impede Clóvis Rossi de ficar continuamente embasbacado com o grande furo da doença de Tancredo Neves dado pelo velho Frias.)

Foi um momento particularmente penoso em minha carreira de editor, por motivos óbvios. Ninguém vai fazer jornalismo para depois ajudar um ministro a desmoralizar um caseiro de forma fraudulenta. Nossos sonhos e ilusões são bem mais elevados.

O erro é apenas ligeiramente mitigado pelas circunstâncias. Quando você trabalha numa revista semanal de informações, a pressão para que você consiga furos é imensa. O risco de um erro é grande – você quer muito dar o furo e em geral o tempo para checagens mais elaboradas é escasso. Você pode cometer uma barbaridade. Foi o caso nosso na Época, no chamado “Escândalo do Caseiro”.

O que aconteceu ali foi, inicialmente, um fato corriqueiro nas redações. Chegaram a nós informações de fonte supostamente segura segundo as quais Francenildo teria recebido dinheiro para denunciar Palocci.

A fonte supostamente segura era, naturalmente, Palocci.

Da parte da publicação, não houve maldade em momento nenhum – e em escalão nenhum. Foi um procedimento 100% jornalístico. Tínhamos uma grande notícia ali, ou pelo menos assim parecia.

Vamos lembrar que você está numa redação de uma revista semanal, em que a pressão por furos vigora em regime de 24 horas por 7 dias.

O que acontece – ou acontecia, pelo menos; não acompanho a ciranda desde que vim para Londres – quando uma semanal dá um furo? Você consegue, de cara, um espaço nobre no Jornal Nacional. É um momento de gala para a revista. A capa é mostrada para milhões de brasileiros.

Na construção de marca, poucas coisas se comparam a você aparecer no Jornal Nacional – e consequentemente nos outros telejornais, que em geral simplesmente o copiam.

Nunca me pareceu que houvesse uma filtragem rigorosa no JN. Jamais vi sinais de uma reflexão desse tipo: se é uma informação tão importante, por que nós não a demos? Estamos no ar todos os dias, temos uma equipe enorme dedicada a apurar coisas importantes. Como, sistematicamente, a melhor notícia sai no final da semana, nas revistas? Estamos fazendo relações públicas ou jornalismo? Há um mito segundo o qual Ali Kamel, editor do JN, é uma cabeça. O produto desmente cabalmente este mito. O JN é barulhento e pedestre. Grita, mas não pensa.

Dentro daquele quadro, o caso Francenildo seria um tento para a Época.

Os elementos de que dispúnhamos na semana em que demos a história na capa eram os seguintes. Francenildo recebera dinheiro, como se podia verificar em sua conta. Não era exatamente edificante a maneira como o extrato fora obtido. Mas o fato principal – vamos entender o conjunto de informações de que dispúnhamos naquele momento – era que uma acusação contra um homem que supostamente representava a estabilidade econômica fora movida a dinheiro.

Fazia sentido, naquela semana e somente nela, darmos a capa.

No mundo perfeito, ninguém publica dossiês em que a privacidade de alguém é invadida, e não estou falando apenas em privacidade financeira.

Mas o mundo não é perfeito.

Tive, na ressaca do episódio, uma demonstração de cavalheirismo que jamais esqueci da parte de João Roberto Marinho, que é uma espécie de editor das Organizações. João, como é chamado informalmente na Globo, comanda as reuniões de terça-feira no Conedit, o Conselho Editorial das Organizações.

Em João, ao longo dos dois anos e meio em que trabalhei na Globo, conheci um homem simples, aplicado, objetivo , prático e confiável. Fala em voz baixa e nunca longamente. Não costuma interromper o interlocutor. Por não ser vaidoso num ponto excessivo sabe suas forças e suas fraquezas. Uma vez, me disse que desistiu de ser jornalista – escrever reportagens, artigos, fazer a manchete do dia etc — quando se deu conta de que não tinha talento jornalístico que o fizesse subir para além da planície. Foi para a administração. Admirei ali a sabedoria, o autoconhecimento.

Nunca vi nada em João, nas reuniões do Conedit ou em nossos despachos fora dela, que pudesse alimentar teses conspiratórias. É um sujeito que quer que sua empresa seja perene, e que batalha honestamente por isso. Você pode discordar de suas ideias – um Estado mínino tatcherista, basicamente – mas não de suas boas intenções. João realmente acredita que ali está receita para um Brasil próspero.

Na reunião do Conedit em que debatemos nosso erro no caso Francenildo, João – como eu dizia – teve um gesto raro e notável. Estavam todos – com razão – incomodados. Antes que os presentes falassem o que tinham achado do papel da Época na história, ele avisou que acompanhara tudo pessoalmente. Não fosse isso, imagino a pancadaria sobre a Época e, consequentemente, sobre mim.

Fiz questão, depois, de mandar a ele um email em que se mesclava agradecimento e reconhecimento.

Estava claro para mim que João, no fragor do episódio, enxergou – antes que os desdobramentos viessem à tona – um bastião da estabilidade econômica, Palocci, sento torpedeado por interesses escusos.

João Roberto se move claramento dentro da “common decency” de George Orwell – o conceito que o grande escritor inglês julgava que deveria nortear uma sociedade civilizada. O mesmo não se pode dizer de Palocci.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Brasil na TV



Fico a me perguntar o que interessa ao morador de Belém o congestionamento da Marginal do Tietê, exaustivamente mostrado pelas redes nacionais de TV? Não haveria fatos locais muito mais importantes para a vida dos telespectadores do Pará do que as mazelas da capital paulista?

Laurindo Lalo Leal Filho

(*) Publicado originalmente na Revista do Brasil, edição de fevereiro de 2012.

O Brasil que se vê na TV está restrito ao Rio e à São Paulo, salvo raras exceções. Exibem-se nas novelas e nos telejornais, lindas paisagens e graves problemas urbanos dessas metrópoles para todo o país. 

Fico a me perguntar o que interessa ao morador de Belém o congestionamento da Marginal do Tietê, exaustivamente mostrado pelas redes nacionais de TV? Não haveria fatos locais muito mais importantes para a vida dos telespectadores do Pará do que as mazelas da capital paulista?

No entanto, o conteúdo que vai ao ar não é determinado pelos interesses ou necessidades do telespectador e sim pela lógica comercial. Para o empresário de TV local é mais barato e mais lucrativo reproduzir o que a rede nacional de televisão transmite, inserindo alguns comerciais da região, do que contratar profissionais para produzir seus próprios programas. 

Para as grandes redes trata-se de uma economia de escala: com um custo fixo de produção, o lucro cresce à medida em que os anúncios são veiculados num número crescente de cidades. 

Isso ocorre porque como qualquer outra atividade comercial a lógica do capital é a da concentração, regra da qual a televisão, movida pela propaganda, não escapa. Só que a TV não é, ou não deveria ser, apenas um negócio como outro qualquer. 

Por transmitir valores, idéias, concepções de mundo e de vida, ela é também um bem cultural e não uma simples mercadoria. Dai a necessidade de ser regulamentada e ter os seus serviços acompanhados de perto pela sociedade.

Como concessões públicas, as emissoras têm obrigação de prestar esses serviços de maneira satisfatória, atendendo às necessidades básicas de informação e entretenimento a que todos tem direito. Caso contrário, caberiam reclamações, processos e punições, como ocorre em quase todas as grandes democracias do mundo.

Aqui, além de não existirem órgãos reguladores capazes receber as demandas do público e dar a elas os devidos encaminhamentos, não temos uma legislação capaz de sustentar esse processo. Por aqui vale tudo.

E quem perde é a sociedade, empobrecida culturalmente por uma televisão que a trata com desprezo. Diretores de emissoras chegam a dizer, preconceituosamente, que “dão ao povo o que o povo quer”.

Um caso emblemático da falta que faz essa legislação é o da produção e veiculação de programas regionais. Se o mercado concentra a atividade televisiva no eixo Rio-São Paulo, cabe a lei desconcentrá-lo, como determina artigo 221 da Constituição, até hoje não regulamentado. 

Sua tramitação é seguidamente bloqueada no Congresso por parlamentares que representam os interesses dos donos das emissoras de TV.

Em 1991 a então deputada Jandira Feghali apresentou um projeto de lei estabelecendo percentuais de exibição obrigatórios para produção regional de TV no Brasil. Doze anos depois, em 2003, após várias concessões feitas para atender aos interesses dos empresários, o texto foi aprovado na Câmara e seguiu para o Senado, onde dorme um sono esplendido até hoje.

São mais de vinte anos perdidos não apenas para o telespectador, impossibilitado de ver o que ocorre na sua cidade e região. Perdemos também a oportunidade de abrir novos mercados de trabalho para produtores, jornalistas, diretores, atores e tantos outros profissionais obrigados a deixar suas cidades em busca de oportunidades limitadas nos grandes centros.

Mas se os interesses empresariais das emissoras bloqueiam esse florescimento artístico e cultural, as novas tecnologias estão abrindo brechas nessas barreiras. O barateamento e a diminuição dos equipamentos de captação de imagens impulsionaram o vídeo popular e a internet vem sendo um canal excelente de divulgação desses trabalhos. 

Combina-se a vontade e a capacidade de fazer televisão fora das emissoras tradicionais com a necessidade do público de acompanhar aquilo que acontece perto de sua casa ou de sua cidade. 

O que não descarta a necessidade da existência de programação regional nas grandes emissoras, como forma de tornar o Brasil um pouco mais conhecido pelos próprios brasileiros.


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Som da Tarde - Whitney Houston


I Will Always Love You - Whitney Houston...pra relembrar velhos momentos galvanizados na memória, nesta tarde ensolarada!!!






sábado, 11 de fevereiro de 2012

EU SOU DO TEMPO EM QUE A GENTE SE TELEFONAVA







- Quer mais café Fê?

- Não! Quero comer chocolate!

- Como assim??? Já são quase 8h. Não vais trabalhar hoje?

- Não tô afim!

- Minha Santa Virgem das Lamentações...não me diga que está assim por causa daquele “unzinho” que andava pegando!?

- Ele não é “unzinho”, ele tem nome e sobrenome!

- Bem, acho que “Asdrovaldo” não é nome...

- O nome dele é Adonir Barbosa...lindo e gostoso!

- Aham...

- E eu não tô pegando, estamos saindo, quase namorando se você quer saber.

- Então porque está assim com essa cara de...de...seja lá o que for!

- Nanda, vou te contar, mas não ria de mim...acho melhor não contar.

- Que isso Fê, sabes que podes confiar em mim, a final, somos amigas ou não?!

- Somos há anos, mas você vai rir de mim e não vai me apoiar.

- Não seja boba guria! Amigas sempre se apoiam independente do motivo.

- Tá, vou contar então...

- Espera, deixe-me sentar aqui ao seu lado.

- É...que...faz dias ou até meses que não falo com o Adonir meu gato...

- Mas domingo a tarde vi você conversando com ele pelo computador.

- Isso já faz três dias...

- E por que você não deixou uma mensagem pra ele.

- Eu não quero!!!

- Não te entendo. Agora mesmo estava reclamando dele não falar contigo e tu não quer falar com ele.

- Não é isso.

- Aí guria...fala logo então, já tá me irritando esse chororo todo por causa de um Asdrovaldo feioso da vida noturna...

- Viu, viu...era isso que eu falava. Você não sabe conversar!

- Tá, tá, tá...vou ficar bem quietinha agora e só vou abrir a boca quando contar tudo, pode ser?

- Pode!

- Então fala logo que eu não tenho o dia inteiro!

- Eu tô assim porque ele não me liga pra conversar. Eu não gosto de ficar namorando em frente ao computador sem ao menos escutar sua voz.

- Ah, agora entendi! Você quer o seu príncipe ao telefone todos os dias.

- É...já pedi várias vezes a ele pra me ligar. Sou do tempo que a gente se telefonava. De quando um chegava em casa à noite, ligava pro outro pra contar como tinha sido seu dia, quais problemas ocorreram ou mesmo pra desabafar. E eu ia dormir com um boa noite ao pé da orelha.

- Isso é do tempo da vovozinha...

- Naquele tempo não existia telefone.

- Hoje é mais dinâmico, você fala com seu “amado” ao mesmo tempo em que falo outros “peguetes” já meio encaminhado...sabe como é...

- Mas eu não gosto, prefiro ouvir a voz do meu “príncipe encantado” ao ouvir o som de um teclado!

- Por acaso andou assistindo “A Bela e a Fera”?

- Não! Apenas gosto de ouvir a doce voz amada entrando no meu ouvido enquanto procuro o sono...aquele “boa noite amor, te amo!”

- É...pode ser bom.

- Você fala isso porque nunca disseram à você.

- Claro que já falaram...sou a “Rainha da Baba” esqueceu???

- Que isso Nanda???

- A “Rainha da Baba” é aquela mulher que ao passar na rua, os homens ficam babando ao vê-la desfilar...

- E deram esse prêmio à você? Tá de brincadeira né!!!

- Agora você me paga...

- Cuidado pra não escorregar na baba...rainha!

- Sua...

- Trim...trim...trim...





domingo, 5 de fevereiro de 2012

Som da tarde - Cold Play



Coldplay - Viva La Vida - Live...nesse dia ensolarado!!!




Memórias de Fidel Castro agora em livro



O líder cubano Fidel Castro apresentou nesta sexta-feira (03/02) o livro de memórias Guerrilheiro do Tempo, registro de conversas com a jornalista Katiuska Blanco. Com quase 1 mil páginas em dois volumes, o título conta sua trajetória da infância até 1958, antes da revolução. 
— Tenho que aproveitar agora, porque a memória se gasta — afirmou Castro, 85 anos, no Palácio das Convenções, em Havana.

A cerimônia de lançamento contou com as presenças do ministro da Cultura, Abel Prieto, do presidente da União de Escritores e Artistas, Miguel Barnet, e da autora do livro. Nas conversas com Katiuska Blanco, o líder cubano diz que "prefere os antigos relógios, os velhos espelhos, as botas velhas, e na política tudo do novo".

— Estou disposto a fazer todo o possível para transmitir o que recordo bem. Estou expressando todas as ideias que tinha e os sentimentos pelos quais atravessei. Tenho consciência da importância de relatar tudo isto para transmiti-lo, de modo que seja útil — completou, segundo os jornais Granma, Juventude Rebelde e o site digital Cubadebate.



Fonte: Zero Hora

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dica de livros para as férias

Crônicas de Gelo e Fogo, As: 3 Volumes - Edição de Colecionador


Crônicas de Gelo e Fogo, As:Edição de Colecionador: Vol. I, II, III 

Nascido em 20 de setembro de 1948, George Raymond Richard Martin às vezes chamado apenas de GRRM, é um roteirista e escritor de ficção científica, terror e fantasia estadunidense. Em 2011 George foi declarado como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. 

A série As Crônicas de Gelo e Fogo traz intrigas, perigos, disputas e batalhas vindas numa maré de aventuras que se dividem por toda sua trama. 

Uma verdadeira arte envolvida por mistérios e desafios!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Frase do Dia



Amanhã, você promete a si mesmo, será diferente, ainda assim o amanhã é muitas vezes uma repetição de hoje.

James T. McKay