sábado, 30 de abril de 2011

Edimburgo - Escócia

Pra dar uma viajada neste fim de semana sem precisar sair de casa. A final, chuva e passeio não combinam. Então, assista aí um passeio bonito e interessante pela cidade de Edimburgo, capital da Escócia.


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mitos e Verdades sobre o Preços da Gasolina


01) Por que a Petrobras Distribuidora não se pronuncia sobre alterações de preços dos combustíveis nos postos?

Porque os preços são livres nas bombas. As distribuidoras de combustível são legalmente impedidas de exercer qualquer influência sobre eles.
Há uma lei federal que impede as distribuidoras de operarem postos. Estes são, em regra, administrados por terceiros, pessoas jurídicas distintas e autônomas.
O mercado da gasolina no Brasil hoje é regulamentado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pela Lei Federal 9.478/97 (Lei do Petróleo). Esta lei flexibilizou o monopólio do setor de petróleo e gás natural, até então exercido pela Petrobras (da qual a Petrobras Distribuidora é subsidiária), tornando aberto o mercado de combustíveis no País. Dessa forma, desde janeiro de 2002 as importações de combustíveis foram liberadas e o preço passou a ser definido pelo próprio mercado.
O preço final ao consumidor varia em função de múltiplos fatores como: carga tributária (municipal, estadual, federal), concorrência com outros postos na mesma região e a estrutura de custos de cada posto (encargos trabalhistas, frete, volume movimentado, margem de lucro etc.).
É possível pesquisar sobre o assunto no site da Petrobras ( Composição de Preços) e no da ANP ( dúvidas sobre preço).

02) É verdade que a gasolina é mais cara aqui do que no resto do mundo, apesar de o Brasil ser autossuficiente em petróleo?

No gráfico a seguir é possível comparar os preços da gasolina praticados no Brasil com os preços médios em diversos países.
a) a parcela em verde do gráfico representa o preço da refinaria sem impostos;
b) a parcela em azul representa as margens de comercialização, que oscilam em função do mercado local de venda dos combustíveis;
c) e a parcela em amarelo representa a carga tributária que é a maior responsável pela diferença dos preços entre os países.
Observa-se, também, que os valores cobrados no Brasil encontram-se alinhados com os preços de outros países que possuem mercados de derivados abertos e competitivos.

Preços Internacionais de Gasolina – média 2010


Obs: O teor de álcool anidro na Gasolina C se manteve em 25% ao longo do ano, exceto no período de fevereiro a março, quando o percentual foi reduzido para 20%. Confira também o  gráfico referente ao mês de janeiro de 2011.
Elaboração: Petrobras com dados do Banco Central, ANP, USP/Cepea, ENAP(Empresa Nacional Del Petróleo – Chile), ANCAP (Admisnistración Nacional de Combustibles, Alcohol y Portland – Uruguai) e PFC Energy.
Margens de Distribuição e Revenda obtidas por diferença. Câmbio considerado = 1,7602 (média da PTAX diária em 2010).
Constata-se, desta forma, que a Petrobras, a Petrobras Distribuidora e as demais distribuidoras não possuem ingerência total na cadeia de formação de preço do produto comercializado ao consumidor. Todos os demais agentes envolvidos podem contribuir na sua variação (para maior ou para menor).
Postos de serviço e distribuidoras podem praticar margens variáveis conforme seus planos comerciais, visto que os preços não são tabelados nem estão sob controle governamental.

03) Toda vez que o preço do álcool sobe, também aumenta o da gasolina?

As usinas de cana-de-açúcar produzem dois tipos de álcool: o anidro, que é adicionado pelas distribuidoras à gasolina; e o hidratado, que passou a ser chamado de etanol.
Assim, o período de entressafra da cana-de-açúcar pode provocar alta tanto no preço final da gasolina – em virtude da escassez do álcool anidro, misturado à gasolina, hoje na proporção de 25% – quanto no preço final do etanol. Mas não é uma regra, já que vários fatores interferem no preço final do combustível.  Confira no  site da Petrobras.

04) A Petrobras é a única fornecedora de gasolina no Brasil?

Ao abastecer seu veículo no posto revendedor, o consumidor adquire a gasolina “C”, uma mistura de gasolina “A” com álcool anidro. Nesta época do ano, a chamada entressafra da cana-de-açúcar, o preço do álcool sobe, impactando o preço da gasolina.
A gasolina “A” pode ser produzida nas refinarias da Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), por outros refinadores do País, por formuladores, pelas centrais petroquímicas ou, ainda, importada por empresas autorizadas pela ANP.
As principais distribuidoras, como a Petrobras Distribuidora e outras (consulte o  Sindicom), compram a gasolina “A” da Petrobras, a maior produtora do Brasil.
Em bases e terminais, essas distribuidoras fazem a adição do álcool anidro, adquirido junto às usinas produtoras (consulte www.unica.com.br), gerando a gasolina “C”.
A proporção de álcool anidro nessa mistura (25%) é determinada pelo Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CIMA), vide Resoluções da ANP.
Assim, por meio de milhares de postos revendedores presentes no Brasil, as distribuidoras comercializam a gasolina “C” para todos os consumidores.

terça-feira, 26 de abril de 2011

O Monstro de Rio Claro

Convivemos em nossa sociedade com psicopatas e psicóticos o tempo todo. Lembram deste psicopata de Rio Claro. Fato ocorrido no interior de São Paulo onde um serial killer ficou agindo por mais de dez anos. Como temos uma polícia despreparada fico imaginando se os números mostrados no documentário são reais. Isso serve de alerta pra nós, de que não estamos livre de atrocidades que infelizmente tornaram "comuns" nos EUA e na Europa. 
Por aqui quando ocorre esses fatos, nossa imprensa acoberta. Não consigo entender o motivo, se é um pedido do governo ou da polícia. Abaixo segue o documentário realizado pela Discovery Channel.


Nova utilidade para o cabide

Uma maneira interessante de estar reciclando é dar vida nova a coisas velhas ou não utilizáveis. Esta idéia encontrei no sítio - http://wp.clicrbs.com.br/nossomundosustentavel/2011/04/24/novo-cabine/?topo=13,1,1,,,13 que é um blog chamado de Nosso Mundo Sustentável do jornal Zero Hora.



segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fusão de Partidos

Isso só acontece no Brasil. Temos uma oposição medíocre que não consegue argumentos contra e nem a favor do governo. Um bom inimigo conhece bem seu opositor, sabe onde estão seus pontos fracos, onde estão suas virtudes. 
No meio político, devemos conhecer tudo isso e estarmos além. Argumentos, fatos e opiniões próprias compete a um bom político, a um bom partido. A oposição no Brasil não consegue respirar, está na UTI, o último suspiro vai ser dado quando PSDB e DEM anunciarem a fusão. O DEM mudou de nome faz pouco tempo, não conseguiu reverter nas urnas o sucesso esperado do nome "democratas" copiado dos EUA. 
Esta fusão só vai fortalecer a reeleição da presidente Dilma em 2014. Não haverá um nome de peso para tentar levar as eleições para o 2º turno. Alguns indivíduos da oposição já estão tratando de dificultar o seu caminho para o planalto, como Aécio Neves - http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/04/aecio-neves-tem-habilitacao-apreendida-em-blitz-da-lei-seca-no-rio.html - este não é o tipo de pessoa que eu quero para dirigir meu país.
Enquanto isso fico tomando meu chimarrão porque meu voto não é machista.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dica de Fim de Semana

Hoje posto aqui dicas para o feriadão, principalmente sobre livros e filmes. Aí vai o primeiro:



Os Homens que Não Amavam as Mulheres: Coleção Millennium

Primeiro volume de trilogia cult de mistério que se tornou fenômeno mundial de vendas, "Os Homens que Não Amavam" as mulheres traz uma dupla irresistível de protagonistas-detetives: o jornalista Mikael Blomkvist e a genial e perturbada hacker Lisbeth Salander. Juntos eles desvelam uma trama verdadeiramente escabrosa envolvendo a elite sueca

Vem da Suécia um dos maiores êxitos no gênero de mistério dos últimos anos: a trilogia Millennium - da qual este romance, Os Homens que Não Amavam as Mulheres, é o primeiro volume. Seu autor, Stieg Larsson, jornalista e ativista político muito respeitado na Suécia, morreu subitamente em 2004, aos cinqüenta anos, vítima de enfarte, e não pôde desfrutar do sucesso estrondoso de sua obra. Seus livros não só alcançaram o topo das vendas nos países em que foram lançados (além da própria Suécia -onde uma em cada quatro pessoas leu pelo menos um exemplar da série -, a Alemanha, a Noruega, a Itália, a Dinamarca, a França, a Espanha e a Inglaterra), como receberam críticas entusiasmadas.

Um dos segredos de tanto sucesso é a forma original com que Larsson engendra a trama, conduzindo-a por variados aspectos da vida contemporânea: do universo muitas vezes corrupto do mercado financeiro à invasão de privacidade, da violência sexual contra as mulheres aos movimentos neofascistas e ao abuso de poder de uma maneira geral.

Os Homens que Não Amavam as Mulheres é um enigma a portas fechadas - passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o velho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada - o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada.

Como todo bom livro, este não poderia ser diferente, virou filme. Pra aproveitar o feriadão em dose dupla, abaixo está o trailler do filme, com mesmo título do livro.





terça-feira, 19 de abril de 2011

A copa do mundo é...

A copa do mundo de 2014 é nossa, pelo menos no nosso país. Embora não estejamos no clima ainda - faltam apenas 3 anos. Há muitas obras por terminar, infraestrutura, aeroportos, estádios e por aí vai. O que me chama atenção é a Rússia. Faltam sete anos (2018) para realizar o evento e já estão no clima de copa do mundo. Vejam o vídeo de divulgação da Rússia.


sábado, 16 de abril de 2011

Alta no preço de combustíveis - O que diz a "Petrobrás"

01) Por que a Petrobras Distribuidora não se pronuncia sobre alterações de preços dos combustíveis nos postos?
Porque os preços são livres nas bombas. As distribuidoras de combustível são legalmente impedidas de exercer qualquer influência sobre eles.
Há uma lei federal que impede as distribuidoras de operarem postos. Estes são, em regra, administrados por terceiros, pessoas jurídicas distintas e autônomas.
O mercado da gasolina no Brasil hoje é regulamentado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pela Lei Federal 9.478/97 (Lei do Petróleo). Esta lei flexibilizou o monopólio do setor de petróleo e gás natural, até então exercido pela Petrobras (da qual a Petrobras Distribuidora é subsidiária), tornando aberto o mercado de combustíveis no País. Dessa forma, desde janeiro de 2002 as importações de combustíveis foram liberadas e o preço passou a ser definido pelo próprio mercado.
O preço final ao consumidor varia em função de múltiplos fatores como: carga tributária (municipal, estadual, federal), concorrência com outros postos na mesma região e a estrutura de custos de cada posto (encargos trabalhistas, frete, volume movimentado, margem de lucro etc.).
É possível pesquisar sobre o assunto no site da Petrobras ( Composição de Preços) e no da ANP ( dúvidas sobre preço).
02) É verdade que a gasolina é mais cara aqui do que no resto do mundo, apesar de o Brasil ser autossuficiente em petróleo?
No gráfico a seguir é possível comparar os preços da gasolina praticados no Brasil com os preços médios em diversos países.
a) a parcela em verde do gráfico representa o preço da refinaria sem impostos;
b) a parcela em azul representa as margens de comercialização, que oscilam em função do mercado local de venda dos combustíveis;
c) e a parcela em amarelo representa a carga tributária que é a maior responsável pela diferença dos preços entre os países.
Observa-se, também, que os valores cobrados no Brasil encontram-se alinhados com os preços de outros países que possuem mercados de derivados abertos e competitivos.
Preços Internacionais de Gasolina – média 2010
Obs: O teor de álcool anidro na Gasolina C se manteve em 25% ao longo do ano, exceto no período de fevereiro a março, quando o percentual foi reduzido para 20%. Confira também o  gráfico referente ao mês de janeiro de 2011.
Elaboração: Petrobras com dados do Banco Central, ANP, USP/Cepea, ENAP(Empresa Nacional Del Petróleo – Chile), ANCAP (Admisnistración Nacional de Combustibles, Alcohol y Portland – Uruguai) e PFC Energy.
Margens de Distribuição e Revenda obtidas por diferença. Câmbio considerado = 1,7602 (média da PTAX diária em 2010).
Constata-se, desta forma, que a Petrobras, a Petrobras Distribuidora e as demais distribuidoras não possuem ingerência total na cadeia de formação de preço do produto comercializado ao consumidor. Todos os demais agentes envolvidos podem contribuir na sua variação (para maior ou para menor).
Postos de serviço e distribuidoras podem praticar margens variáveis conforme seus planos comerciais, visto que os preços não são tabelados nem estão sob controle governamental.
03) Toda vez que o preço do álcool sobe, também aumenta o da gasolina?
As usinas de cana-de-açúcar produzem dois tipos de álcool: o anidro, que é adicionado pelas distribuidoras à gasolina; e o hidratado, que passou a ser chamado de etanol.
Assim, o período de entressafra da cana-de-açúcar pode provocar alta tanto no preço final da gasolina – em virtude da escassez do álcool anidro, misturado à gasolina, hoje na proporção de 25% – quanto no preço final do etanol. Mas não é uma regra, já que vários fatores interferem no preço final do combustível.  Confira no  site da Petrobras.
04) A Petrobras é a única fornecedora de gasolina no Brasil?
Ao abastecer seu veículo no posto revendedor, o consumidor adquire a gasolina “C”, uma mistura de gasolina “A” com álcool anidro. Nesta época do ano, a chamada entressafra da cana-de-açúcar, o preço do álcool sobe, impactando o preço da gasolina.
A gasolina “A” pode ser produzida nas refinarias da Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), por outros refinadores do País, por formuladores, pelas centrais petroquímicas ou, ainda, importada por empresas autorizadas pela ANP.
As principais distribuidoras, como a Petrobras Distribuidora e outras (consulte o Sindicom), compram a gasolina “A” da Petrobras, a maior produtora do Brasil.
Em bases e terminais, essas distribuidoras fazem a adição do álcool anidro, adquirido junto às usinas produtoras (consulte www.unica.com.br), gerando a gasolina “C”.
A proporção de álcool anidro nessa mistura (25%) é determinada pelo Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (CIMA), vide Resoluções da ANP.
Assim, por meio de milhares de postos revendedores presentes no Brasil, as distribuidoras comercializam a gasolina “C” para todos os consumidores.


Para mais informações acesse: http://www.petrobras.com.br

IVONE - Parte I

Texto que enviei para o jornalista David Coimbra da Zero Hora - está publicado em seu blog, clique aí: http://wp.clicrbs.com.br/davidcoimbra/2011/04/17/ivone/?topo=13,1,1,,,13




S

eis horas da manhã. Desperta o relógio na cabeceira do bidê. Ivone levanta-se e vai ao banheiro se lavar. O maridão, Rodolfo, vira pro lado dela na cama e estica-se todo. Ivone vai à cozinha e começa a preparar o café pra ela, pro marido e para as crianças. Ivone tem 33 anos, casada há 15 anos com Rodolfo de 39.
Ivone sempre diz que a melhor coisa que lhe aconteceu na vida foram seus dois filhos, Guilherme, 15 anos e Raquel, 12 anos. Um casal pra contentar os dois. Rodolfo sempre quis um garoto, um menino pra poder andar junto ao pai pra baixo e pra cima. Ter uns segredos com o guri, levá-lo pra pescar, jogar bola, sinuca, etc. Mas Ivone sempre pensou no coletivo, sempre pensa em todos, não só nela. Queria uma menina pra ajudá-la em casa, nos afazeres domésticos, a final de contas, Rodolfo é do tipo machão, não lava a louça porque é coisa de mulher, não coloca a roupa na máquina porque é coisa pra mulher, vai ao banheiro e não abaixa a tampa da privada porque ele é homem e, homem não abaixa a tampa da privada e por aí vai.
Durante esses 15 anos de casada, Ivone sempre fazia mesma coisa. Todos os dias levantava as 6h da manhã, fazia o café, arrumava as crianças para o colégio. Depois os afazeres domésticos. Não tinha tempo si, tudo o que fazia ou era pra casa, como compras, lava isso e aquilo, ou para o marido e para as crianças. Ivone não comprava uma roupa pra si, não comprava uma jóia, semi-jóia que fosse. Não tinha renda própria, sempre dependia do marido, se lhe desse dinheiro tinha, caso contrário não teria. E quando lhe dava era uma miséria, e o pouco que ganhava ela guardava num cofrinho pequeno que comprara em uma liquidação.
Certo dia, Ivone acordou pensando consigo mesma: - vou fugir!!! Mas o que é isso que estou pensando, isso não é coisa de mulher casada e com filhos pensar, disse em voz baixa.
Certo mesmo é que ela ficou com aquilo na cabeça o dia todo. Não sabia o que havia consigo, nunca fora assim. Antes de se deitar ascendeu uma vela pra Santo Expedito, o santo das causas impossíveis, e pediu para que lhe desse juízo.
Não conseguiu dormir a noite toda, rolou na cama de um lado para outro, ficou acordada boa parte da noite deitada na cama. Ao levantar-se mais cedo, fez o café como de praxe, e ficou sentada no sofá, sozinha, pensando. Rodolfo levantou, foi ao banheiro. Quando chegou à cozinha, viu que a mesa do café da manhã não estava posta, gritou: - Ivone, sua desgraçada, não arrumou meu café, vou me atrasar pro serviço! E um silêncio pairou no ar.
Foi procurá-la, ao chegar na sala encontrou um bilhete. Uma folha de caderno. Simples, sem nenhum mistério Ivone foi direto ao ponto:
Estou indo embora. Vou sair por uns tempos sem lugar definido. Vou indo aonde meu coração mandar. Rodolfo, sei que tu não foste um bom pai! Chegou a hora de ser. Cuide de nossos filhos. Diga à eles que tirei umas férias. Logo mandarei notícias. Beijos Ivone.
Rodolfo não sabia o que fazer, ficou em estado de choque e sentou-se no sofá e por ali passou o dia todo. Guilherme e Raquel torciam pela mãe, sabiam que o pai abusava dela. Mas também não queriam ficar sem ela.
Ao sair de casa bem cedo, sem que nenhum vizinho à visse, Ivone levou uma mala pequena preta. Tinha algumas roupas, vestidos, blusinhas, calças e o seu cofre. Durante os três últimos anos, Ivone lavou roupa para alguns vizinhos, fez costuras em calças, camisas, vestidos e chegou a fabricar algumas peças de roupas, mas não obteve sucesso. Fez tudo isso escondido do Rodolfo. Se Rodolfo ficasse sabendo iria lhe tomar o dinheiro, e ainda quem sabe, até batê-la. Ivone tinha um bom dinheiro, o suficiente para que tirasse umas férias de casa.
Pegou um táxi logo que saiu de casa. Ao entrar pediu ao motorista que a levasse ao Hotel Casa Blanca. Era um dos hotéis mais caros de Lages, uma rede de hotéis espalhados pelo mundo todo. Ivone se hospedou e pediu apenas uma pernoite. Era uma desconhecida, achava isso fantástico. Aproveitou tudo que tinha direito.
À noite foi jantar no restaurante do hotel, colocou seu melhor vestido. Um preto, justinho, definindo suas curvas, com degote modesto, uma alça fininha quase não dá pra segurar seus fartos seios redondos e um pouco à cima do joelho permitindo que olhos alheios fitassem suas coxas grossas e desenhadas. Comprara este vestido, mas nunca tinha usado. Rodolfo não gosta, diz que não é roupa de mulher casada.
Foi entrando no restaurante devagar, passadas curtas, um pé frente ao outro. Os homens ali presente fitavam-na. Uma morena gostosa, linda, magra, com vestido preto, sozinha. Eles não sabiam que ela era mãe e tinha um marido, que abandonara tudo por uma aventura, uma vida nova. Na verdade isso pouco importava pra eles. Sentou-se no canto, onde pudesse enxergar todo o restaurante. Ao seu lado, um casal. Escutava toda a conversa dos dois. Chamou o garçom, pediu uma garrafa de vinho e pra acompanhar, uma massa.
Quando ia encher a taça pela quinta vez, o garçom lhe trouxe um guardanapo, dobrado, meio amassado. Entregou e saiu rapidamente. Ao abrir o guardanapo, estava escrito: - por favor me ajude!!! Estou correndo risco de vida e você também.
Por um instante, ficou paralisada, não sabia o que fazer. Será que Rodolfo está atrás de mim. Se tiver vai me matar. Ou será que ele contratou um detetive para me seguir.
Ivone terminou sua refeição e voltou ao seu quarto, assustada. Deitou-se na cama pensando no que havia feito e decidiu voltar pra casa na manhã seguinte. Ora, uma mulher com dois filhos e um marido não se abandona. E também não se larga assim um casamento de 15 anos. Entretanto, não queria aquela vida novamente. Não queria ser escrava, empregada de Rodolfo. Não queria viver as custas de um homem, queria ter sua própria vida, ter seu próprio dinheiro, ser livre.
- Tenho que ser forte. Não vou voltar assim, só por causa de um bilhete. E se mandaram errado. Não era pra mim, tinha muita gente no restaurante. E se for pra mim, o Rodolfo acha que eu vou voltar, está enganado.
Apagou as luzes do quarto e foi dormir. Amanhã iria seguir seu caminho. 2h30mim da madruga, escuta uma batida na porta. Acorda assustada. Mais outra batida, desta vez mais forte. Levanta-se.
- Quem é?
Do outro lado da porta, uma voz feminina fala baixinho.
- Abre logo. Temos que sair daqui.
- Não vou abrir, não te conheço. Vou chamar o segurança do hotel.
- Não!!! temos que ser discretas. Abre logo, não temos tempo.
Ivone abre a porta e vê uma mulher, também assustada. Ela um pouco menor. Entra e se apresenta: - meu nome é Alessandra, temos que sair daqui.
- Não. Porque eu tenho que fugir.
- Porque você escutou toda nossa conversa no restaurante.
- Eu... só estava tomando um bom vinho. E além do mais, nem lembro o que vocês estavam falando.
- Imagino que não, mas Rick não acha isso.
- Rick é o seu marido?
- Não, meu namorado. Olha temos que sair daqui o mais rápido. Ele vai nos matar.
- Espera um pouco. O que ele está escondendo?
- Eu descobri que ele seqüestra mulheres bonitas e rouba seus órgãos para vendê-los a outros criminosos e hospitais na Europa e EUA. E era sobre isso que estávamos falando na mesa, ele acha que você ouviu tudo.
- Meu deus... ele é um monstro!!! Temos que fugir. Vou vestir alguma coisa e vamos sair daqui.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

E a mídia...como sempre...

ABAIXO... ARTIGO PUBLICADO NO BLOG: OS AMIGOS DO PRESIDENTE LULA... PELO AMOR DE DEUS... REFLITAM...
Até onde a corrida pela audiência estimula novas tragédias como a da escola em Realengo?

A tragédia de Realengo é algo tão insano, que exige reflexão sobre a cobertura na forma de espetáculo que vemos na TV, nos portais da imprensa corporativa.

A alma do negócio, no jornalismo televisivo, é falar e exibir. O silêncio, a reflexão, a sobriedade, derruba a audiência, quando no calor dos acontecimentos o telespectador, de boa-fé, busca respostas e explicações lógicas para algo tão insensato.

Mas qual o papel da mídia? Que mensagem deve passar, senão a verdade factual e os valores que interessam à própria sociedade para que isso não se repita?

É claro que a informação factual é necessária. O quê aconteceu, quando, onde, por que, e até informar como ajudar e como não atrapalhar os serviços de socorro. Só que isso, objetivamente, só rende poucos minutos de notícia no dia. Então enchem a programação com especulações de "especialistas" e biografia do psicótico, transformando-o numa celebridade.

Mas cabe fazer do psicótico (que também foi vítima da própria loucura), uma celebridade? Quando se sabe que o "prêmio" buscado por outros psicóticos é o exibicionismo da pior maneira, cometendo atos bárbaros e impactantes como este?

Cabe a "corrida do ouro" de levar ao ar toda e qualquer informação inócua garimpada sobre a biografia do psicótico, sem pensar que insanos como este, são motivados, muitas vezes, também para aparecer nos holofotes da mídia?

Cabe ficar o dia inteiro reunindo "especialistas" para especular num caso destes, em intermináveis testes de hipóteses inócuos, apenas para o telespectador não mudar de canal?

Cabe especular com sensacionalismo sobre fundamentalismo religioso, demonizando religiões? Não seria mais ético e útil para a sociedade explicar que não existe religião nenhuma no mundo que pregue, nem justifique um ato destes?

Não seria melhor levar ao ar reflexões sobre o culto do individualismo neoliberal em detrimento de organizações sociais coletivas, onde uns cuidariam dos outros, evitando que os demônios internos de cada um se aflorassem, na solidão e isolamento?

O individualismo está tão encrustado na cabeça dos colunistas, que imediatamente pensam em mirabolantes detectores de metais na portaria das escolas, como se um louco obsessivo não fosse capaz de pular o muro, ou simplesmente esperar do lado de fora para atirar na hora da saída.

Além disso, escola não é banco. Escola tem que ensinar matemática, português, mas tem também que ser ambiente propício a formar cidadãos éticos com o próximo, solidários, respeitosos com os mais fracos e com as minorias, conscientes de seus direitos e deveres, conscientes de que devem andar desarmados, independente de detectores de metais. Conscientes de que devem resolver conflitos com diálogo, com civilidade, e não pela violência.

O pior é que os colunistas que cultuam o individualismo e reclamam por caríssimos sistemas de segurança com detectores de metais e porteiros armados, são os mesmos que pregam cortes de impostos onde não se pode cortar, como o crime que cometeram contra a saúde pública ao fazerem campanha contra a CPMF.

Em vez de gastar dinheiro com cada vez mais equipamentos de segurança e armas, melhor gastar na formação cidadã: investir no professor, no aluno e na família do aluno (sobretudo na mãe).

Não cabe censura à imprensa, mas cabe repúdio aos péssimos valores que a imprensa passa, na corrida pela audiência e pelo lobby das elites arcaicas que são os barões da mídia. Nas concessões públicas de rádio e TV, a sociedade tem o direito de conceder para uso ético, para a construção da sociedade que queremos, e não para a mera corrida comercial pela audiência a qualquer preço, inclusive incentivando indiretamente futuras tragédias como essas, quando mostradas como se fosse um reality show.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Caso Welinton

A tragédia no Rio de Janeiro não foi realizada por um assassino, mas sim, por um psicótico.
Uma pessoa perturbada, desorganizada que possui em sua herança genética o gene da esquizofrenia, assim como sua mãe biológica. A mídia o trata como um bandido, no entanto, ele é uma pessoa problemática que cometeu um crime. Agora, esse crime não foi um simples assassinato. Matou crianças, destruiu famílias, e aos sobreviventes deixou um trauma talvez irrecuperável.
Poderíamos ter evitado isso? Não, nunca poderemos. Vamos no máximo adiar. O governo quer realizar, novamente, a campanha do desarmamento, afirmando que se Welinton não possuisse arma, não teria realizado tal atrocidade. Não penso assim. Um assassino um tamanho objetivo teria até uma caneta como arma e sairia matando todos de qualquer jeito. Para um assassino, conseguir uma arma ilícita ou lícita, não importa. O que importa é o objetivo concluído, ou seja, mata-se com o que estiver disponível ou faz-se uma arma.
Agora, se o governo disser que vai fechar as emprezas que produzem armas e munições no Brasil e também cortar e não autorizar as importações de materiais bélicos por civis e militares, talvez resolvesse alguma coisa. O mal, a atrocidade, o poder, está no DNA humano e isso jamais evitaremos, no máximo adiá-lo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Dica de Fim de Semana - Jogo de Poder

    É um filme sobre uma das maiores mentiras da história de um país, do jogo sujo dos poderosos de plantão e de uma campanha infame que colocou em risco a vida de uma agenda da CIA e de seu marido.Jogo de Poder é um daqueles filmes de revisão história imperdíveis. Ao falar da carreira da agente Valerie Plame (Naomi Watts) e de seu marido, o professor Joseph Wilson (Sean Penn), o diretor Doug Liman mostra como o governo Bush construiu uma mentira para justificar a guerra contra o Iraque e como persistiu nela mesmo quando seus próprios agentes e técnicos provaram que não havia armas de destruição em massa, assim como os grandes canos de alumínio fotografados não seriam utilizados para a produção de bombas nucleares.

A mentira foi desmascarada em artigo assinado pelo marido da agente no The New York Times, em 2003, mas aí entrou em ação a máquina poderosa do poder e a falta de escrúpulos: funcionários graduados do próprio governo, auxiliares diretos de Bush, revelaram a identidade secreta da agente, apesar de todos os riscos que uma exposição assim significava para ela e seus informantes.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Dilma, 100 dias: o jogo de claro-escuro da imprensa

Interessante este artigo do jornalista Washington Araújo que transcorre sobre os cem dias de governo Dilma. Fala sobre mudanças, continuidades  e características próprias deste governo.


Texto extraído do sítio - http://www.cartamaior.com.br 


A pauta, o foco e o interesse dos colunistas da imprensa escrita tem sido o de elogiar a presidenta Dilma Rousseff ao mesmo tempo em que trata de desmerecer seu antecessor no cargo. Um jogo de claro-escuro em que muitas vezes é apenas claro ou apenas escuro.

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa

Partidos de oposição ao governo do ex-metalúrgico não economizaram em criar epítetos para rotular Dilma Rousseff. Chamá-la de "poste" virou lugar comum ao longo de 2010. Chamá-la de "marionete", de ser criada artificialmente no laboratório do ex-presidente Lula, pontuou os debates com os presidenciáveis no segundo semestre de 2010. Não faltou quem não arriscasse uma praga poderosa de que, uma vez eleita, não governaria por si mesma, estaria sempre à sombra de seu antecessor e criador. No mesmo caminho, presidenciáveis com algum bom índice de intenção de votos nas pesquisas Ibope/Datafolha/Vox/Sensus, não hesitavam em lhe atribuir um caráter fraco. É de José Serra a sentença definitiva: "Na primeira oportunidade, uma vez eleita, Dilma trai Lula!"

Mais alguns dias e teremos sobrevivido a todos esses prognósticos fracassados. Nem Dilma tem governado o Brasil como se fosse um poste, uma marionete, nem passa-nos a impressão, por mais leve que seja, de que para espirrar necessita de prévia autorização de seu antecessor no terceiro andar do Palácio do Planalto. Também nenhum de seus atos de governo, não obstante a torcida da grande imprensa para que tal ocorresse, nos autoriza a pensar em uma traição da presidenta ao ex-presidente. 

Nesses quase 100 dias de 2011, o Brasil governado por uma mulher não foi para o limbo por tantos aventado, esperado, anunciado. A presidenta anunciou logo de partida um possível corte de formidáveis R$ 50 bilhões no Orçamento da União. Desancou o governo de Mahmoud Ahmadinejad logo em sua primeira entrevista à imprensa internacional: "Não apoio um governo que apedreja uma mulher". Referia-se à iraniana Sakineh Ashtiani. 

Vendo as águas tragarem a precária infraestrutura da região serrana do Rio de Janeiro logo nas primeiras semanas de sua gestão, não pensou duas vezes, tomou um helicóptero, sobrevoou as áreas inundadas, destruídas, as casas soterradas, as vidas interrompidas e de pronto autorizou a imediata liberação de verbas para ajudar os infelizes sobreviventes da tragédia carioca.

Sinais de mudança
Montou um governo pra chamar de seu. Boa parte dos antigos colegas de ministérios nos anos Lula da Silva não voltou à Esplanada. Trouxe gente nova, como é o caso de Ana de Hollanda para a Cultura, evitou o fatiamento das estatais não entregando seu comando a partidos de sua base de sustentação. Pagou pra ver e viu. Assistiu à gritaria por um salário mínimo superior aos R$ 545,00 oferecidos por sua equipe econômica; não recuou, ao contrário, autorizou seus apoiadores no Congresso Nacional a levarem logo o tema a voto. Ganhou, e bem, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal. E assim ficou conhecendo quem merecia e quem não merecia sua confiança nas duas Casas do Congresso. 

Barack Obama veio ao Brasil e a presidenta o recebeu com elegância porém com firmeza, chegou mesmo a convidar os ex-presidentes para recepção ao colega americano nos belos salões do Itamaraty. Aceitaram o convite José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Luiz Inácio Lula da Silva, o único que o convidado chamou de "o cara", simplesmente não deu as caras. E ficou por isso mesmo, não obstante o esperneio da grande imprensa com "tamanha desfeita" para com o primeiro presidente negro a ocupar a Casa Branca. 

Dilma diz e repete a quem quiser ouvir que a liberdade de imprensa é sagrada. E não fala isso para agradar a imprensa ou para lhe parecer meramente amistosa. A verdade é que a presidenta não se sente nem um pouco incomodada com as manhas e artimanhas da grande imprensa. Parece estar sempre a nos dizer que nossa grande imprensa "não fede nem cheira". E articulou com maestria para retirar da presidência da Vale, nosso principal portento empresarial na cena internacional, o economista Roger Agnelli, empresário queridinho da vasta maioria dos líderes da oposição e arrebatador da simpatia da totalidade de nossos comentaristas de política e economia, nos jornais e revistas, nas rádios e nos telejornais. Dilma bancou o nome de Tito Botelho Martins e o Bradesco e demais acionistas o referendaram. Simples assim. 

A presidenta voltou também à carga na cena internacional. É que pela primeira vez em oito anos o Brasil votou – no dia 24/3/2011 – contra o Irã em um organismo da ONU, o Conselho de Direitos Humanos. O órgão aprovou por 22 votos a favor, 7 contra e 14 abstenções a designação de um relator especial para investigar denúncias de violações de direitos humanos no país persa. Trata-se de uma sinalização de mudança no governo Dilma Rousseff em relação ao de Lula, que vinha evitando críticas ao Irã. Desnecessário dizer que quem mais festejou a mudança do voto brasileiro foi nossa imprensa... afinal, estamos novamente ao lado dos "mocinhos", aqueles que controlam com mão de ferro o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O rumo e o remo
E como a imprensa se comportou nesses 100 dias? Foi o comportamento típico de quem espera cenários apocalípticos e, por um choque de realidade, se vê às voltas com uma normalidade política, econômica e institucional como há muito tempo não víamos no país. É que a grande imprensa jogou todas as suas fichas na certeza de que os temores (ou tremores?) da oposição demo-tucana iriam se concretizar com o avanço regular dos dias no calendário. E isso, com absoluta certeza, não aconteceu. É como se nossa grande imprensa não soubesse distinguir o que é propaganda política do que é realidade política. E também não soubesse separar até onde vai a militância política na imprensa e onde começa o verdadeiro trabalho jornalístico. 

Os principais devaneios dessa imprensa se alternaram entre os seguintes blocos de temas principais: 

1. Ruptura política (e quase) imediata da presidenta com o ex-presidente Lula;

2. Reconhecimento de uma herança pra lá de maldita nas contas públicas da União; 

3. Formação de um ministério capenga, altamente fisiológico para atender ao imenso arco de alianças partidárias que lhe sustentaram a vitória na corrida para o Planalto. 

Alheia à falta do que fazer de tantas editorias de Política, ressalte-se que ainda na segunda-feira (28/3), a presidenta Dilma voltou a afirmar que que "recebeu um país diferente, em condições de dar um salto maior ainda do que Lula conseguiu dar em seu primeiro mandato". E não ficou por aí: "Ele me legou essa herança e, tenham certeza, vou honrá-la".

Constatando que esse labirinto de ideias disparatadas não apresentariam no curto prazo qualquer porta de saída, a imprensa vistosa passou a semear diferenças entre o governo Lula e o governo Dilma. Foram generosos com Dilma ao louvar repetidas vezes sua discrição, seu jeito pouco afeito às câmeras, holofotes e microfones. E ressentidos ao tratar todo elogio à postura da presidenta como um petardo certeiro à postura do ex-presidente Lula. A pauta, o foco e o interesse dos colunistas da imprensa escrita – normalmente amparados nas marquises de O Estado de S.Paulo, a Folha de S.Paulo, O Globo, Veja e Época – tem sido o de elogiar a presidenta ao tempo em que trata de desmerecer seu antecessor no cargo. Um jogo de claro-escuro em que muitas vezes é apenas claro ou apenas escuro. 

Não faltam colunistas se debatendo para encher suas colunas com algo que seja minimamente inteligente ou, na falta dessa qualidade, minimamente sensato. É o caso de Merval Pereira, que recentemente escreveu que "a presidenta Dilma Rousseff está acertando onde Lula havia errado e errando onde Lula havia acertado". Esta percepção de Pereira demonstra à larga a boa vontade com que nossa grande imprensa se esforça para oferecer uma cobertura equilibrada e justa à ocupante da Presidência da República.

Não há quem não veja a oposição ao governo Dilma Rousseff como desorientada, sem discurso, inábil e inapta para conduzir temas cruciais para o futuro do país como as reformas política, tributária e a nunca esquecida reforma previdenciária. E se não consegue se organizar ao menos para debater temas como esses, como imaginar que poderiam formar um contingente oposicionista bem qualificado para se opor às políticas de governo mantidas ou criadas por Dilma Rousseff? 

Meu avô Venâncio Zacarias, velho líder salineiro, político calejado nos grotões do Rio Grande do Norte, diria que a oposição atual está "sem rumo e sem remo", e que nem "com o vento soprando a seu favor consegue seguir adiante". Sei não, a continuar nesse trote, a cobertura política do Planalto poderá deslocar muitos de seus vistosos colunistas para engrossar as editorias de Esportes, Mundo e Ecologia.


Washington Araújo é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela
UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil,
Argentina, Espanha, México. Tem o blog http://www.cidadaodomundo.org
Email - wlaraujo9@gmail.com